Iniciada com o lançamento do quatro cilindros turbodiesel de 2,0 litros e 194 cv estreado no novo Classe E (de que não são ainda conhecidas todas as variantes), prossegue em 2017 aquela que é considerada como a maior ofensiva estratégica de novos motores, e tecnologias relacionadas, da história da Mercedes-Benz. O Classe S, que no próximo ano será sujeito, mais do que a um mero facelift, a uma actualização geral, foi o modelo eleito para estrear boa parte das novas soluções técnicas da marca da estrela, entre as quais se incluem o alternador-motor de arranque integrado ISG, o sistema eléctrico de 48 Volt e o turbocompressor eléctrico eZV.

São quatro as novas unidades motrizes a introduzir no mercado, todas pertencentes à família de motores modulares da Mercedes, com uma capacidade unitária de 500 cc: um V8 biturbo, um quatro cilindros a gasolina e dois seis cilindros em linha (um a gasolina, o outro a gasóleo), no que é o regresso desta arquitectura à oferta da casa de Estugarda. Todas anunciando uma substancial evolução em termos de eficiência.

Para mercados com grande apetência pelo diesel, será especialmente interessante a chegada do OM 656, um seis cilindros em linha de 3,0 litros com câmara de combustão esculpida na cabeça do pistão, injecção directa de 2.500 bar, turbocompressão de duplo estágio e, pela primeira vez, dotado de distribuição variável Camtronic. Com bloco em alumínio, pistões em aço e paredes dos cilindros revestidas por Nanoslide (material que reduz significativamente o atrito), oferece 313 cv de potência e mais de 650 Nm de binário, ou seja, mais 55 cv e mais 30 Nm do que o actual V6, mas proporcionando um consumo 7% mais reduzido, estando já apto a cumprir com as futuras normas de emissões e consumos obtidos em condições de condução reais.

Com a mesma arquitectura e capacidade, mas de ciclo Otto, o motor M 256, o primeiro projectado de forma sistemática para integrar novas soluções de electrificação. É o caso do turbo com compressor auxiliar eléctrico e do alternador-motor de arranque integrado ISG, que prometem anular o atraso da resposta da sobrealimentação – isto porque o compressor eléctrico é capaz de atingir 70.000 rpm em meros 300 milésimos de segundo; e porque o ISG não só tem a seu cargo as chamadas funções híbridas, caso da recuperação de energia ou a propulsão auxiliar eléctrica (20 cv e 220 Nm), como permite desligar o motor a velocidades de cruzeiro sempre que possível (função também conhecida como andar “à vela”) e voltar a ligá-lo de forma imperceptível para o condutor.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em termos de rendimento, este seis cilindros a gasolina anuncia valores próximos dos oferecidos por um V8: 408 cv e mais de 500 Nm, mas reduzindo consumos e emissões em cerca de 15% relativamente ao actual 3.0-V6 de 333 cv e 480 Nm. Este é, ainda, o primeiro dos novos motores a gasolina da Mercedes a fazer uso de um sistema eléctrico de 48 Volt, capaz de alimentar elementos de elevado consumo (casos da bomba de água ou do compressor do ar condicionado), bem como de fornecer energia à bateria através do ISG, que, por isso, dispensa a ligação por correia a estes componentes. O sistema eléctrico de 12 Volt continua a ser utilizado para fornecer energia a componentes como as luzes, a iluminação interior ou o sistema de infoentretenimento e outros.

Pela sigla de código M 176 é conhecido o que promete ser um dos mais económicos V8 a gasolina do mundo. Está dotado de um sistema de desactivação de cilindros que, sempre que possível, em cargas parciais, entre as 900 rpm e as 3.250 rpm, e desde que estejam seleccionados os modos de condução Comfort ou Eco, inibe, em simultâneo, o funcionamento de quatro cilindros através do sistema Camtronic, para redução do consumo.

Os turbocompressores instalados entre as bancadas de cilindros, a injecção directa variável (com injectores piezoeléctricos e pressão de injecção entre 100 bar e 200 bar), a dupla sobrealimentação e inúmeras soluções destinadas a reduzir o atrito (e, com isso, as perdas mecânicas) são outros atributos fundamentais deste novo V8 biturbo de 3982 cc. O rendimento é de 476 cv e de 700 Nm logo às 2.000 rpm, sendo o consumo 10% inferior ao do actual V8 de 455 cv.

Quanto ao novo quatro cilindros a gasolina, conhecido internamente como M 264, anuncia uma potência específica na casa dos 134 cv/litro, a que equivalerá uma potência debitada superior a 270 cv. Entre as suas principais características, referência para o turbo twin-scroll, para o sistema Camtronic de distribuição variável sobre a admissão, para as várias medidas destinadas a reduzir o atrito interno, o ruído de funcionamento e as vibrações, e para o sistema eléctrico de 48 Volt que alimenta a bomba de água e o alternador-motor de arranque.

Este último tem, ainda, a seu cargo as funções híbridas destinadas a reduzir os consumos, como a propulsão auxiliar eléctrica a regimes de até 2.500 rpm, a recuperação de energia até 12,5 kW, o sistema start/stop “inteligente”, e apto a ser activado até em andamento, a baixa velocidades, e ainda a função de andar “à vela”.

Tal como o seu homólogo de oito cilindros em V, este novo tetracilíndrico a gasolina monta, também, um filtro de partículas. Solução estreada no actual S 500, e que, além do novo Classe S, no futuro será introduzida noutros modelos da Mercedes equipados com motores a gasolina.