Mariano Rajoy já fechou a equipa que o deverá acompanhar nos próximos quatro anos de legislatura. Cinco dias depois de ter sido investido como presidente do Governo, encerrando um impasse político que durou mais de dez meses, o líder do Partido Popular espanhol apresentou esta quinta-feira o novo Governo espanhol. Um Executivo que é sobretudo de continuidade — só saíram três ministros –, recheado de pesos pesados do partido. Rajoy continua a ter na vice-primeira-ministra, Soraya Sáenz de Santamaría, e no ministro da Economia, Luis de Guindos, pedras angulares da estratégia governamental.

Com cinco ministras e oito ministros no novo Executivo, Rajoy mantém, assim, Soraya Sáenz de Santamaría como vice-primeira-ministra e ministra da Presidência, cargo que ocupa desde 2011. Advogada, chegou a chefe de gabinete de Mariano Rajoy quando o conservador foi ministro da Administração Pública. Muito próxima de Rajoy, chegou a ser apontada como eventual sucessora do espanhol à frente do PP. Resolvido o impasse político em Espanha, vê-se agora reconduzida no cargo.

O mesmo com Luis de Guindos. O ministro da Economia espanhol, que, apesar da designação do cargo que ocupa, desempenha funções equiparáveis ao do ministro das Finanças português, chegou a admitir “vontade clara de deixar o Governo”, como lembra o El Español. Chegou a desafiar Jeroen Dijsselbloem na liderança do Eurogrupo, mas acabou derrotado. Agora, vê-se reconduzido no cargo com poderes reforçados: vai acumular as pastas da Economia e da Indústria com a da Competitividade.

Destaque também para a nomeação de María Dolores de Cospedal, secretária-geral do PP, como nova ministra da Defesa do Governo espanhol, dando expressão aos rumores existentes sobre a disputa pelo poder de influência no interior do Executivo entre Soraya Sáenz de Santamaría e Cospedal.

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Existe, num entanto, um dado importante sobre a nomeação de María Dolores Cospedal. A formação do novo Governo espanhol era esperada com a grande expectativa: seria Mariano Rajoy capaz de limpar a imagem do PP, depois de sucessivos escândalos de corrupção? O tema marcou grande parte da luta eleitoral espanhola, mas o conservador decidiu apostar, ainda assim, em Cospedal, muito agastada pela forma como geriu os casos de corrupção envolvendo membros do partido e pelos negócios controversos do marido, o empresário Ignacio Gómez del Hierro, como recorda o mesmo El Español.

Cristóbal Montoro, um dos homens-fortes do anterior Governo PP, mantém-se como ministro da Fazenda espanhol. O mesmo para Fátima Báñez, ministra do Emprego e da Segurança Social. Ela que foi uma das principais responsáveis pelas negociações com o Ciudadanos.

A nomeação de Alfonso Dastis para ministro dos Negócios Estrangeiros também está a merecer o destaque da comunicação espanhola. Reconhecido pelo domínio das questões comunitárias e europeias, a escolha de Dastis está a ser entendida como um sinal claro do empenho de Rajoy em reforçar o papel de Espanha na União Europeia.