O presidente da comunidade económica dos países lusófonos defendeu esta quinta-feira, em Luanda, que as empresas angolanas devem diversificar os seus negócios e expandir os investimentos dentro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Salimo Abdula foi esta quinta-feira preletor num fórum sobre a internacionalização de empresas angolanas, realizado em comemoração ao terceiro aniversário da Comunidade de Empresas Exportadoras e Internacionalizadas de Angola (CEEIA).

O presidente da Comunidade Económica da CPLP frisou que Angola tem um papel fundamental nas oportunidades de negócios existentes nesta organização de países, sublinhando o “potencial elevadíssimo” em recursos minerais e petróleo.

“Mas chamo a atenção que ter petróleo nos dias de hoje não é ter tudo. Temos assistido a volatilidade da oscilação de preços no mercado mundial, que certamente cria constrangimentos para os países que foram dependentes destes recursos, há que ter alternativas”, frisou, defendo a aposta no turismo e agricultura.

No discurso de abertura do fórum, o ministro do Comércio de Angola, Fiel Constantino, disse que o Governo angolano alinhou como estratégia para a saída da crise económica e financeira a diversificação da sua economia, o aumento da produção interna e das exportações, a criação de empregos e a redução da fome e da pobreza.

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Segundo o ministro, para as exportações o executivo deve criar mecanismos de apoio institucional e a busca de soluções para a superação de barreiras técnicas, visando a facilitação do comércio internacional.

Fiel Constantino referiu que a diminuição das taxas de exportação e importação, no primeiro trimestre deste ano, comparativamente ao período homólogo de 2015, demonstra que “o momento atual requer que Angola tenha empresas com capacidades produtivas, ‘know-how’ e sensibilidades adquiridas”.

Em declarações à imprensa, o presidente da CEEIA, Agostinho Kapaia, disse que as dificuldades na obtenção de divisas, neste momento o maior desafio que as “empresas enfrentam, tem vindo a ser dialogado com o Banco Nacional de Angola e o Governo, que têm demonstrado “uma preocupação muito grande” no aumento da produção para a exportação de mais produtos que possam contribuir para as reservas líquidas do país.

“A questão das divisas é um problema que temos vindo a resolver, e há uma vontade clara do governador do banco central de aumentarmos a nossa capacidade de exportação e há um trabalho de colaboração com a CEEIA, que tem sido um parceiro do Estado e com o BNA há inclusive essa relação, temos vindo a discutir a melhor maneira de apoiar os associados, de apoiar as empresas que estão neste processo de exportação”, adiantou.

A associação conta atualmente com cerca de 30 filiados, havendo entre o grupo empresas que se dedicam à exportação de produtos agrícolas, na região austral africana, mais concretamente para a República Democrática do Congo, de bebidas, de vidro e café.

Agostinho Kapaia frisou que face ao momento atual, muitas empresas têm manifestado interesse de adesão à organização, para responder à “necessidade de obtenção de divisas”.

Na sua intervenção, o governador do Banco Nacional de Angola, Walter Filipe, considerou o desafio atual de Angola que se atinja um nível de exportação, que crie entradas de divisas para o sistema bancário.

“A missão do banco central é a de continuar a dialogar com os mercados potenciais”, disse Walter Filipe, acrescentando que o objetivo é que Angola alcance “uma política monetária e cambial que não esteja só vocacionada para a criação urgente de fatores de exportação e internacionalização, mas também privilegie uma nata empresarial que esteja ao serviço de Angola”.