A luta contra as alterações climáticas desafia as empresas a desenvolver produtos e serviços com menos emissões dióxido de carbono, tanto na produção como na sua utilização pelos consumidores, utilizando inovação e eficiência energética, segundo o BCSD Portugal.

O Acordo de Paris, ao incluir metas para ter uma economia neutra em carbono, até ao final do século, implica que “as empresas têm de identificar ou pensar como é que poderão desenvolver produtos e serviços que, na sua produção, emitam menos CO2 [dióxido de carbono] e a sua utilização por outras empresas e pelos cidadãos também contribua para uma redução das emissões”, disse hoje à agência Lusa a secretária geral da entidade.

“Estamos a falar de um desafio enorme para as empresas que tem que ver com a eventual identificação de novos modelos de negócio, que poderá estar muito associada à transposição de modelo de negócio baseado na venda do produto para um modelo baseado na venda de serviço”, visando a descarbonização da economia, explicou Sofia Santos.

O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD Portugal) é uma das entidades que integra a delegação portuguesa na conferência do clima das Nações Unidas (COP 22), a decorrer a partir de segunda-feira, em Marraquexe, em Marrocos, além de associações do ambiente, universidades ou representantes governamentais e técnicos.

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Na COP 22, que termina a 18 de novembro, vão decorrer negociações acerca da forma de avançar as decisões listadas no Acordo de Paris, conseguido em dezembro de 2015, e que entrou em vigor a 04 de outubro, visando principalmente reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, responsáveis pelas alterações climáticas.

Sofia Santos referiu o “particular interesse” das empresas na eco inovação, para tentar identificar novos produtos com menos impacto ambiental, nas emissões de CO2, mas também a “componente muito forte que tem a ver com o aumento da eficiência energética”, relacionada com a forma como é utilizada a energia, a tentativa de ser mais produtivos consumindo menos energia.

Esta tendência “junta as componentes informáticas com a energética o que poderá dar origem a grandes saltos ao nível da inovação”, acrescentou.

Além da inovação e dos novos modelos de negócio, a secretária geral do BCSD aponta uma valorização das florestas e da agricultura, como fontes de sumidouros de carbono, um fator importante em Portugal.

Quanto à adaptação das empresas às novas exigências, alguns setores, já abrangidos pelo protocolo de Quioto, antecessor do Acordo de Paris, estão já a “desenvolver mais atividade”, como é o caso da eletricidade ou da pasta de papel, referiu Sofia Santos.

No futuro, especificou, “os setores aos quais será solicitado um maior esforço têm a ver com os edifícios, mobilidade e transportes”.

“É natural que os nossos associados desses setores tenham de demonstrar nos próximos anos um grande salto, apesar de algumas empresas, nomeadamente a Brisa, terem vindo já a desenvolver projetos, até a nível internacional, em prol da mobilidade sustentável”, avançou.

O BCSD apresentou o projeto Meet 2030 que pretende “fazer cenários tendo como enquadramento a descarbonização e o Acordo de Paris e a necessidade de crescer economicamente”, com a tentativa de identificar os setores e as linhas de desenvolvimento que poderão ter maior valor acrescentado para Portugal.

No final do trabalho, a BCSD, que reúne 81 empresas, pretende contribuir com sugestões de políticas públicas a desenvolver em Portugal para atingir objetivos do Acordo de Paris.