A missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) nos Estados Unidos não detetou até à data qualquer evidência de fraude no processo eleitoral que terá lugar a 8 de novembro, mas assinalou “fragilidades” do sistema.

“Até ao dia de hoje não identificámos qualquer facto concreto, não tivemos no nosso entendimento nenhuma evidência de que algo possa alterar os resultados das eleições, como mudar a decisão soberana dos eleitores”, disse a chefe da missão e ex-presidente da Costa Rica (2010-2014) Laura Chinchilla, em declarações à agência noticiosa espanhola EFE.

Esta é a primeira missão da OEA nos Estados Unidos em 54 anos de missões de observação eleitoral na região. A missão coincide com um ato eleitoral já qualificado como atípico e muito tenso, mas também com as declarações polémicas do candidato presidencial republicano, Donald Trump, sobre o sistema eleitoral americano.

Trump denunciou que o sistema está “viciado” e afirmou ser vítima de uma “elite global” e de uma “imprensa corrupta” que pretende manipular a eleição de 8 de novembro a favor da rival democrata Hillary Clinton. Também não esclareceu se irá aceitar o resultado das eleições, reservando-se o direito de contestar o escrutínio.

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“Podem existir problemas, erros que sejam cometidos, mas falar de uma fraude a nível nacional capaz de mudar os resultados dos eleitores é muito pouco provável de ocorrer”, referiu Laura Chinchilla, que nas últimas semanas reuniu-se com as autoridades de vários estados e visitou os locais onde decorre a votação antecipada (permitida em 37 dos 50 estados federais dos Estados Unidos e no distrito de Columbia). “A natureza muito descentralizada do processo faz com que seja praticamente impossível”, frisou.

Republican nominee Donald Trump (L) and Democratic nominee Hillary Clinton arrive for the first presidential debate at Hofstra University in Hempstead, New York on September 26, 2016. / AFP / Jewel SAMAD        (Photo credit should read JEWEL SAMAD/AFP/Getty Images)

(JEWEL SAMAD/AFP/Getty Images)

Segundo a chefe da missão da OEA, o sistema eleitoral dos Estados Unidos é “muito diferente” dos outros sistemas da região, especialmente por ser muito descentralizado, porque “não existe uma autoridade central que gere o processo” e porque “mais que as autoridades, são os cidadãos organizados os protagonistas”.

A equipa da OEA detetou “fragilidades do sistema”, assinalando, no entanto, que por muito que seja evoluído o sistema estas fragilidades são normais.

Um reforço dos requisitos para o registo de votos, um maior rigor ao nível da identificação dos locais e dos eleitores e queixas relacionadas com o número de assembleias de voto abertas foram algumas das deficiências do sistema eleitoral identificadas pela missão.

A missão da OEA visitou o estado da Pensilvânia, considerado como um dos estados decisivos, antes das eleições agendadas para a próxima terça-feira, uma vez que as autoridades estaduais proíbem qualquer missão de observação internacional no dia da votação.

Esta regra também é aplicada na Florida, Nevada, Ohio e Carolina do Norte, estados que também são considerados decisivos (também conhecidos como “swing states”, estados que não têm uma tendência de voto definida) para as presidenciais norte-americanas.

Até ao momento, mais de 38 milhões de eleitores americanos registados votaram por antecipação, segundo dados divulgados no ‘site’ United States Elections Project.