Elon Musk vai ter que engolir as suas próprias palavras. Em tempos, o CEO da Tesla classificou como “bullsh * t” (m * rda) os modelos eléctricos que têm por base a tecnologia de células de combustível a hidrogénio. Agora, foi precisamente recorrendo a essa solução no Clarity que a Honda viu a Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) – a entidade responsável pela realização dos testes de consumo oficiais a todos os automóveis comercializados no país – reconhecer que o sedan nipónico oferece uma autonomia de 589 km. Por outras palavras, melhor que o mais generoso dos Tesla em termos de alcance, o Model S P100D, cuja bateria de 100 kWh lhe permite uma autonomia de 506 km, no ciclo da EPA (613 km no ciclo da União Europeia).

Por outro lado, com a validada autonomia de 589 km, o Honda Clarity bate o seu rival directo no mercado norte-americano, o Toyota Mirai, proposta igualmente nipónica que também recorre a fuel-cells, mas cuja autonomia se fica pelos 516 km.

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De acordo com os dados fornecidos pelo fabricante, o Clarity consegue um consumo médio de hidrogénio na ordem dos 28,9 l/100 km, com o abastecimento a ser feito com recurso a mangueiras especiais, embora demorando menos que cinco minutos. Quanto à autonomia utilizando apenas as baterias, está fixada em 82 km.

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A Honda apenas aceita encomendas para o Clarity de clientes que vivam ou trabalhem num raio de 160 km de uma estação de abastecimento de hidrogénio

O modelo japonês tem o conjunto formado pelo motor eléctrico, unidade de controlo e célula de combustível concentrados num único módulo instalado sob o capot da frente, com a Honda a revelar que o espaço ocupado não excede o necessário para montar um motor V6. O motor eléctrico possui uma potência de 177 cv e a célula de combustível é capaz de fornecer uma potência ligeiramente superior a 136 cv (possui uma densidade energética de 3,1 kW/l), pelo que para andar a fundo, o Clarity tem de recorrer à pequena bateria de iões de lítio.

O Honda Clarity prima igualmente por um nível de equipamento bastante completo, que inclui, entre outros, sistemas como o alerta de colisão iminente, transposição involuntária de faixa de rodagem, cruise control adaptativo e sistema multimédia com Android Auto e Apple CarPlay.

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Interior do Honda Clarity

O Clarity, com 4,9 metros de comprimento, já está à venda no Japão e nos EUA, onde sedan nipónico é proposto por qualquer coisa como 60 mil dólares, ou seja, pouco mais de 54.000€. No entanto, a este preço é ainda necessário descontar o apoio federal dado a este tipo de automóveis e que está actualmente nos 7.500 dólares (pouco mais de 6.500€), mais os incentivos dados pelos diferentes estados onde é comercializado. A par destas facilidades, a filial norte-americana da Honda ainda disponibiliza um leasing que permite usufruir do Clarity pagando uma mensalidade de 500 dólares (cerca de 450€).

O Clarity eléctrico alimentado por célula de combustível começará a chegar em breve a alguns países europeus, com a marca a não anunciar ainda a data expectável para a sua introdução no mercado português, o que certamente dependerá da criação de uma rede eficaz de distribuição de hidrogénio.