Os procuradores alemães alargaram a sua investigação sobre o escândalo de emissões de gases poluentes ao atual presidente do Conselho de Administração da Volkswagen, revelou a empresa.

Hans Dieter Poetsch era o diretor financeiro da Volkswagen quando rebentou o escândalo da manipulação dos testes de emissões poluentes, em setembro de 2015, e foi nomeado ‘chairman’ da construtora automóvel alemã em outubro do ano passado, no meio da turbulência provocada pelo escâdalo que atingiu o grupo.

Em comunicado hoje divulgado, a Volkswagen refere que estão a ser investigados dois membros da administração da empresa, incluindo Poetsch. Já o nome do outro administrador em causa não foi revelado.

Apesar disto, a Volkswagen continua a garantir que, “com base no exame cuidadoso de peritos internos e externos”, os membros do conselho de administração cumpriram todas as obrigações de prestação de informação ao mercado de acordo com a lei alemã.

Em setembro de 2015 rebentou o escândalo da manipulação de emissões poluentes pela Volkswagen, estimando-se que em todo o mundo tenham sido afetados 11 milhões de veículos pela fraude cometida pelo grupo, dos quais oito milhões na Europa (em Portugal são 125.491 veículos).

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Desde então já avançaram centenas de processos judiciais contra o grupo.

A Volkswagen garante que apenas alguns técnicos estavam envolvidos na manipulação dos motores a gasóleo, sem conhecimento da gestão de topo.

A semana passada foi conhecido que a Volkswagen recebeu autorização da Autoridade Federal do Transporte Automóvel alemã para avançar na Europa com a reparação de 2,6 milhões dos automóveis afetados pela manipulação técnica das emissões poluentes de veículos a gasóleo.

Os clientes que adquiriram os veículos em causa vão ser notificados sucessivamente nas próximas semanas, podendo marcar, então, uma visita às oficinas para que a situação seja reparada.

Em Portugal, a associação de defesa dos consumidores DECO fez saber que avançou com um processo judicial contra a Volkswagen, tendo dito um responsável da associação que em causa está a “diferença insuportável de tratamento entre consumidores europeus e norte-americanos”.

Para os consumidores norte-americanos a Volkswagen “disponibilizou já dez mil milhões de dólares [cerca de nove mil milhões de euros] para compensações diretas pelos danos causados pela fraude que provocou”, disse Bruno Santos.

Quanto à intervenção técnica para corrigir o problema, a Deco afirmou então ser “absolutamente ineficaz”, de acordo com testes que realizou, exigindo explicações à marca por obrigar os consumidores a levar os carros às oficinas apesar de nada ficar resolvido.

A ação apresentada pela DECO é contra o fabricante alemão, a SIVA (importador português das marcas Volkswagen, Audi e Skoda), a SEAT e a Volkswagen espanhola.