Investigadores da Harvard Business School concluíram que a Wikipedia começou por ter uma tendência mais de esquerda, mas que, com o passar do tempo e o aparecimento de novos colaboradores, se tornou numa enciclopédia mais neutra. A conclusão surgiu por comparação com a Enciclopédia Britânica, que também já dispõe de conteúdos online.

Um dos investigadores que participaram no estudo, Shane Greenstein, explicou à Quartz que foram analisadas quatro mil entradas de ambas as enciclopédias sobre temas da política americana que se revelaram controversos em 2012. “Ficámos surpreendidos que a Wikipedia não se tenha deixado levar nos últimos anos”, disse Greenstein, coautor do estudo.

Greenstein e Feng Zhu organizaram os artigos, de acordo com o seu conteúdo, pelas cores “azul” e “vermelho”. E separaram-nos de acordo com termos que consideraram característicos de cada partido: por exemplo, os democratas usam mais expressões como “guerra no Iraque”, “direitos civis” e “défice comercial”, enquanto os republicanos usam frases como “crescimento económico”, “imigração ilegal” e “segurança das fronteiras”. Os autores concluíram que, nos primeiros anos de existência, a Wikipedia tinha mais artigos que caíam na cor azul, ou seja, a dos democratas, e era mais enviesada do que a Enciclopédia Britânica. No entanto, esta tendência esbateu-se com a entrada de mais editores voluntários na plataforma para rever a informação disponibilizada gratuitamente aos leitores.

“Em comparação com o conhecimento de especialistas, a inteligência coletiva não torna a informação mais tendenciosa quando os artigos são substancialmente revistos”, lê-se no estudo. Significa isto, conclui também o estudo, que num cenário em que várias pessoas contribuem com ideologias diferentes na informação, o conteúdo torna-se menos tendencioso do que aquele produzido em circunstâncias diferentes.

Os autores também registam que os 2,8 milhões de editores voluntários registados na Wikipedia se tornaram menos tendenciosos nos conteúdos que produzem. Perceberam-no ao cruzar os conteúdos que publicam e as suas orientações políticas.

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