“Isto é completamente de doidos.”
Paddy Cosgrave, na abertura da Web Summit

Meia hora de atraso, António Costa em palco. Seguiu-se Durão Barroso e até o ator Joseph Gordon-Levitt. Foi quando Paddy Cosgrave chamou os empreendedores portuguesas no MEO Arena ao palco principal do evento, que se viveu aquele que foi o grande momento do dia zero da Web Summit. “Lisboa é a tua casa”, disse-lhe Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, quando lhe entregou as chaves da cidade. Entre confetti e a contagem decrescente para o arranque oficial daquela que é a maior conferência de empreendedorismo e tecnologia da Europa – Medina não fez “um pitch [breve apresentação] sobre Lisboa. “Lisboa fará o pitch por si própria”, afirmou.

Nem o Mr. Hollywood, o ator Joseph Gordon-Levitt – que falou pouco antes de os portugueses invadirem o palco da Web Summit – fez vibrar tanto as milhares de pessoas que estavam na plateia como Fernando Medina, o primeiro-ministro António Costa ou o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos fizeram. Eram mais de 160 as nacionalidades que se faziam representar no MEO Arena, mas foi o português que reinou. Mesmo quando António Costa utilizou o inglês para dizer “I’m very excited” [estou muito entusiasmado], foi – mais uma vez – o português que reinou.

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São estas as estrelas de rock do meu país”, disse João Vasconcelos. O secretário de Estado da Indústria não estava errado quando recordou, em palco, que costumava ir ao MEO Arena – no mesmo recinto que hoje acolhe a conferência irlandesa – para assistir a concertos. Hoje, estava lá para mostrar que, afinal, as verdadeiras estrelas portuguesas eram estas: engenheiros, programadores, empreendedores. Rodeado por dezenas de empreendedores portugueses em palco, a música deste concerto foram aplausos.

Quando Paddy Cosgrave chamou Fernando Medina e António Costa ao palco, o presidente da Câmara de Lisboa aproveitou para dizer que a Web Summit era “o princípio de uma parceria com os atores e setores mais avançados do mundo“. Já antes, tinha dito “que estava a acontecer alguma coisa em Portugal”. No centro do palco – e do discurso – Jaime Jorge, o fundador da Codacy, startup que venceu o concurso final de pitch da Web Summit em Dublin, em 2014. E que pôs Lisboa no mapa da Web Summit (ou na cabeça de Paddy Cosgrave).

A música e dos confetti fizeram o resto. Para trás, ficou política, a Comissão Europeia, Durão Barroso e António Costa. Foi o primeiro-ministro que disse, ao lado de Paddy Cosgrave, que “Portugal é o espaço ideal para tentar, falhar e voltar a tentar”. Num discurso que se dividiu pelo português e pelo inglês, Costa afirmou que queria que todos os participantes da Web Summit se lembrassem de Portugal como “um país dinâmico e aberto”. “É este ambiente de experimentação contínua e disponibilidade para assumir o risco que importa estimular”, afirmou.

Três mil pessoas fora e uma internet que falhou

A Web Summit decorre até sexta-feira na FIL e no MEO Arena. Fora do palco do MEO Arena, ficaram 3 mil pessoas, que não conseguiram entrar no pavilhão. Paddy Cosgrave pediu a todos os presentes para chegarem cedo às conferências e para assistirem às emissões que perderam pela internet. Pena que a wifi não tenha funcionado completamente. O irlandês tentou fazer uma demonstração em pleno palco do live streaming do evento e teve de a cancelar, porque não conseguiu ligação.

Mais tarde, pediu aplausos para a Portugal Telecom, a operadora de telecomunicações responsável pela internet de banda larga do MEO Arena. Justificou o incidente com o live streaming com o facto de ter o telefone ligado a outra rede – à Vodafone. Recorde-se que um dos motivos que levou a Web Summit a sair de Dublin foram, precisamente, os problemas com o wi-fi.

É a primeira vez que o evento se realiza fora da terra natal, Dublin, na Irlanda. Foram vendidos mais de 53 mil bilhetes e há pessoas de 166 nacionalidades a participar naquela que é a maior conferência de tecnologia e empreendedorismo da Europa. Em 2010, Paddy conseguiu reunir 400 pessoas da comunidade tecnológica local no Chartered Accountants House, em Dublin. No ano seguinte, triplicou de tamanho e este ano, em Lisboa, a organização espera 53.056 pessoas com entradas para os quatro dias.