Primeiro, foi aventada a possibilidade de estar em risco a operação industrial da Nissan em Inglaterra, o que não seria de somenos importância uma vez que a sua fábrica de Sunderland é a maior do país, no que ao sector automóvel diz respeito. Depois, Carlos Ghosn reuniu com Theresa May, e anunciou ter recebido a garantia da primeira-ministra britânica de que a competitividade dessa fábrica estaria assegurada mesmo após o Brexit – e, ao que parece, até na eventualidade de serem impostas pela União Europeia (UE) taxas alfandegárias à importação de produtos provenientes do Reino Unido (RU).

Daí até que o CEO da marca japonesa anunciasse que a nova geração do Qashqai será mesmo produzida em Sunderland foi um passo. A oposição solicitou detalhes sobre as condições dadas à Nissan, mas sem grande êxito. As restantes marcas com fábricas no território exigiram igualdade no tratamento. Entretanto,o co-CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, confirmou em Tóquio que a marca recebeu, efectivamente, tais garantias por parte dos responsáveis governamentais, caso contrário não levaria por diante os investimentos necessários ao fabrico do seu novo SUV em terras de Sua Majestade.

Perante tudo isto, seria pouco provável que as autoridades europeias ficassem de braços cruzados. E não ficaram… Segundo adianta a agência Reuters, um porta-voz da Comissão Europeia (CE) confirmou que este órgão já pediu ao governo britânico pormenores relativos às tais garantias que terá dado à Nissan, de que o seu investimento não seria afectado pela saída do RU da UE: “Vimos as reportagens na imprensa, relativas à Nissan, e, consequentemente, a Comissão está em contacto com as autoridades do RU.”

Quanto à possibilidade de o governo britânico poder estar a verificar se tais garantias poderiam violar as leis europeias, relativas ao apoio indevido às empresas, o mesmo porta-voz referiu: “As autoridades do RU não nos notificaram de qualquer apoio à Nissan para avaliação, em relação às normas de apoio estatal, pelo que não adoptámos qualquer perspectiva formal desta questão”.

Se é certo que, após a sua saída da UE, o governo britânico não mais terá de dar conta às autoridades europeias dos apoios que decide conferir a esta ou aquela empresa, a verdade é que, até lá, enquanto for um estado-membro, terá de cumprir com as normas vigentes. Seja como for, o que parece cada dia mais evidente é que, para manter a sua indústria automóvel competitiva, será decisivo para o RU garantir um acordo de livre comércio com a UE – caso contrário, dificilmente os contribuintes britânicos não terão de pagar uma elevada factura.

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