“I remember you well in the Chelsea Hotel
You were famous, your heart was a legend”
Leonard Cohen, in “Chelsea Hotel No. 1”

Desce, desce, Paddy desce

Achei que ias voltar ao palco Paddy, não voltaste. Tinhas dito que estavas cada vez mais apaixonado por Lisboa, falaste na edição de 2017, apresentaste o último painel da noite. E foste embora. No final, a plateia do MEO Arena ficou à espera que aparecesses. Acenderam-se as luzes. “Acabou?” Sim, acabou. Batias palmas (e eu também acho que Lisboa mereceu palmas), mas só nos ecrãs gigantes. Estávamos à espera de mais. Desculpa, se calhar é só porque não gostas de despedidas e tens saudades de casa. Mas lembrei-me de Dublin, no ano passado. Do discurso emocionante que fizeste, quando disseste que aquela seria sempre a tua casa e que voltavas em breve. Lembras-te? Foi bonito.

Eu sei, Lisboa não é a tua casa, apesar de Fernando Medina te ter dito que sim. Mas estavam 53 mil pessoas em Lisboa. E nós portugueses, somos o povo da palavra “saudade”. Corre-nos tanto a nostalgia nas veias como se comeram pastéis de nata na Web Summit (foram 97 mil). Ainda nem o evento tinha acabado e já alguns de nós estavam a sofrer com os primeiros sintomas. E eu sei que não havia nada no programa. Sei que falaste antes do último painel da noite. Mas estava à espera de um “até já”, Paddy. Que a equipa da Web Summit fosse ao palco. Era merecido, não era? Era.

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Desculpa a melancolia, escrevo esta crónica depois de saber da morte de Leonard Cohen: Web Summit, também nos vamos lembrar de ti no Chelsea Hotel.

Sobem, sobem, mulheres sobem

Parabéns a nós. Fomos um recorde em conferências tecnológicas. Nós, mulheres. 42% das pessoas que estavam na Web Sumit eram mulheres. Tivemos um incentivo, é certo. Até nos ofereceram bilhetes. Um dos objetivos da Web Summit para este ano era diminuir o fosso que existe entre o número de mulheres e de homens não só em conferências tecnológicas, mas em todo o setor. Somos poucas. Continuamos a ser poucas. E precisamos de ser mais. Porque é preciso ajudarmos a combater o défice de pessoas com competências na área das tecnologias de informação na Europa. Porque é preciso um maior equilíbrio de género nas empresas. Em todas, mas sobretudo nas tecnológicas.

Já lá vai o tempo em que ser techie significava estar sentada em frente a um computador durante horas com centenas de linhas de código HTML à frente. A verdade é que nunca a tecnologia esteve tão bonita como agora. Tão criativa. Tão feminina. Tão sexy. Para o ano há mais. Mais Web Summit em Lisboa. Mais pessoas em Lisboa (Paddy disse que o Parque das Nações tinha capacidade para 80.000). E mais mulheres, espero. Até para o ano.