A pouco mais de um mês do Natal, a marca de brinquedos dinamarquesa Lego anunciou que não fará publicidade no tablóide britânico Daily Mail, respondendo ao repto da campanha Stop Funding Hate, que desafiou as grandes marcas a não pagarem anúncios em meios de comunicação que promovam o “ódio” e a “discriminação”.

Recentemente, o Daily Mail, na sua edição online, descreveu um dos juízes do Supremo Tribunal Britânico que decidiu que o “Brexit” tinha de ser ratificado no Parlamento, como sendo “assumidamente gay”. A referência homofóbica foi um dos motivos que levou a Stop Funding Hate a colocar o tablóide na lista negra dos promotores de ódio.

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A forma como o Daily Mail se referiu a um dos juízes foi a seguinte: “o terceiro é assumidamente gay”

A forma como o Daily Mail, o The Sun e o The Express têm tratado a crise dos refugiados é outros dos motivos denunciados pela campanha, já que estas publicações são acusadas de usar o termo “invasão” para se referirem aos que procuram o Reino Unido para fugir à guerra ou às más condições de vida. A Lego decidiu agora aceitar o repto.

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A Lego já tinha recebido o apelo de vários clientes para aderir a esta campanha. Tornou-se viral uma carta enviada por um pai, Bob Jones, que escreveu à empresa dinamarquesa. “Eu amo a Lego, o meu filho de 6 anos ama a Lego”, começou por dizer Bob Jones. Mas acrescentou estar “preocupado”, uma vez que nos últimos anos a empresa tem feito parceria para ofertas de “brindes gratuitos no jornal Daily Mail”. E, escreveu ainda este pai, as manchetes do jornal não se têm limitado a ser conservadoras, mas têm procurado gerar a “desconfiança nos estrangeiros, culpar os imigrantes por tudo e até a criticarem um juiz por ser gay”.

Bob Jones lembrou que os brinquedos da Lego sempre foram “inclusivos” e que por isso as “ligações [da Lego] ao Daily Mail são erradas. E uma empresa como a vossa não deveria apoiá-los.” A carta parece ter produzido consequências.