O antigo líder social-democrata, Luís Marques Mendes, defendeu este domingo que a pré-candidatura de Rui Rio à presidência do PSD “deve ser levada a sério” e acredita que o antigo autarca do Porto só avançou nesta altura porque “há descontentamento no PSD”. No seu espaço de comentário semanal na SIC, Mendes admitiu que Rio é um político associado a “avanços e recuos” em candidaturas, mas “desta vez foi muito mais afirmativo do que em situações anteriores.”

Para Marques Mendes, o que Rui Rio quis fazer neste momento — com entrevistas concedidas ao DN e à RTP — foi “dar um sinal”, acabando por fazer de uma forma “bastante assertiva” o “pré-anúncio de uma candidatura.” Quanto às hipóteses do antigo secretário-geral do partido bater o atual líder, Marques Mendes acredita que vai depender das eleições locais do próximo ano: “Se Passos Coelho ganhar as autárquicas fica fortalecido. Se perder, fica fragilizado. E neste momento as coisas não parecem fáceis.”

Outro fator que Mendes considera fundamental para definir a batalha Rio-Passos são as sondagens, já que “se disserem que Passos é quem tem melhores condições para enfrentar António Costa, os militantes escolhem Passos; se disserem que é Rio, os militantes escolhem Rio. Os militantes do PSD são muito pragmáticos“.

Marques Mendes criticou depois a oposição que o PSD (não) faz. O ex-líder admite que talvez o facto de aparecer Rui Rio “estimule Passos Coelho” a fazer “melhor oposição”, o que até agora “não se tem visto”. E acrescentou ainda: “Olha-se para o PSD e parece que só há duas pessoas, Passos Coelho e Maria Luís, parece que está reduzido a um duo de amigos”.

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“Centeno está profundo fragilizado”

No espaço de opinião, Marques Mendes comentou ainda a recusa dos administradores da Caixa Geral de Depósitos em entregarem as declarações de rendimentos, caso que começou a tornar-se polémico precisamente com após o antigo presidente do PSD o ter revelado num domingo. Muito crítico com o Governo, Mendes acusa o Executivo de estar a duas vozes: “Centeno pensa uma coisa, e fez um acordo com Domingues, Costa pensa outra.”

Quanto aos administradores da CGD, Marques Mendes diz que só têm dois caminhos: ou entregam a declaração ou saem. E se não entregam as declarações, é preciso apontar a porta da saída aos administradores: “Desamparem a loja. Saiam da frente. Não há insubstituíveis e não se pode esperar os trinta dias que o Tribunal Constitucional permite, são mais três semanas e isto já dura há muito tempo”.

Para Marques Mendes, esta situação coloca o ministro das Finanças, “Mário Centeno em muitos maus-lençóis, profundamente fragilizado. Foi desautorizado por toda a gente”. Ainda assim, o antigo líder do PSD acredita que o lugar não está em risco: “Não vai sair porque é muito difícil ao primeiro-ministro encontrar, neste contexto, um ministro das Finanças com prestígio. Não sai por ter mérito, mas exclusão de partes”.