Segundo o Jornal de Noticias, em 2010, havia uma média de sete queixas por dia na Polícia Judiciária (PJ) por burla informática, no entanto este número tem vindo a aumentar, atingindo agora as 26 queixas diárias. Na época festiva do final do ano, o Natal, estes números tendem a aumentar ainda mais devido à grande procura online de artigos.

E se há seis anos havia 2670 inquéritos abertos para estes casos, em 2016 contaram-se 4834 queixas, só na primeira metade do ano. A PJ indicou que em 2015 foram registados 7800 casos e tudo indica que este ano o número seja, novamente, elevado. Em declarações ao Jornal de Notícias, Carlos Cabreiro, coordenador da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da PJ, alerta que “houve, de facto, um aumento exponencial, mas também houve uma afinação dos critérios no registo do expediente”, indicando que algumas burlas, por exemplo, da plataforma OLX, poderiam estar a ser tipificadas como burlas simples e não informáticas.

A Kaspersky Lab. investigou o assunto, fora de Portugal, e prevê que em 2016 exista um total de cerca de cinco milhares de milhões de euros em transações na época natalícia, valores cinco vezes mais elevados do que os de 2015. Os mesmos analistas preveem também que o número de compras efetuadas em dispositivos móveis (tablets, smartphones, etc.) aumente. Com isto, espera-se que os cibercriminosos estejam mais focados nestas plataformas.

Apesar de, através de estudos da Kaspersky, ser possível notar um crescimento no uso dos dispositivos móveis para navegar na Internet, apenas 53% das pessoas protegem o aparelho contra os perigos na rede; a este número junte-se os 71% que utilizam redes Wi-Fi abertas (portanto, não seguras) para qualquer tipo de atividade, incluindo transferências bancárias e compras online.

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Segundo a Kaspersky Lab. os métodos mais comuns para enganar os compradores são:

  • Sites falsos mas com endereços que aparentam ser seguros (https) ou que são semelhantes ao original (exemplo: amaz0n.com em vez de amazon.com – com um “zero” em vez da letra “o”);
  • Emails de phishing com links para sites infetados, normalmente com ofertas “excecionais” e “únicas”;
  • Anúncios pop up (janelas extra que aparecem “do nada”);
  • Colocar itens que não existem à venda em sites oficiais (por exemplo, nos classificados do OLX);
  • Vasculhar em redes abertas por senhas ou dados de transferências bancárias e afins.

Apesar dos bancos confiarem num algoritmo para avisar o proprietário quando existem comportamentos fora do normal nas contas bancárias, em alturas de promoções o sistema de aviso dos bancos pode falhar. “Este comportamento esperado acaba por providenciar aos criminosos um ambiente propicio à execução dos esquemas fraudulentos sem que os bancos, ou os proprietários das contas, se apercebam imediatamente”, afirma David Emm, especialista em segurança na Kaspersky Lab.

A empresa de segurança deixa 12 dicas para se proteger durante a época que se aproxima (e não só):

  1. Proteger todos os dispositivos com um software Internet security (sistema de proteção em tempo real);
  2. Garantir que, tanto as aplicações como o sistema operativo, estão sempre atualizados;
  3. Utilizar apenas sites seguros. Procure sempre um URL que comece com “HTTPS://” – o “S” é de seguro. Pode também procurar por um cadeado fechado na barra de endereço do navegador, ao clicar nele pode ver detalhes sobre a segurança do site;
  4. Utilize diferentes palavras-passe para as diversas contas online. Uma mistura de letras, números e caracteres especiais, num total entre oito e 15, eleva a dificuldade a quem tentar descobrir a senha;
  5. Não abra diretamente as ligações que aparecem no emails. É preferível copiar para a barra de endereços o URL para evitar ser redirecionado para o local errado – às vezes um link tem escondido um endereço final que não corresponde ao que está escrito;
  6. Tente manter-se nos endereços que conhece ou que alguém de confiança lhe falou. Apesar disso, tenha sempre atenção às falsificações que podem surgir com nomes muito idênticos. Por exemplo, desconfie sempre que um amigo lhe envie uma mensagem com uma linguagem que ele não costuma utilizar;
  7. Se for comprar a um vendedor novo, investigue o que é dito sobre o local (site) em questão. É sempre preferível escolher os que fornecem vias de contacto direto ou que tenham uma política de retoma. Comentários de outros compradores também são uma boa forma de saber se é, ou não, seguro fazer negócio;
  8. Redobre a atenção quando utilizar o smartphone. Por vezes os links curtos são utilizados para facilitar a leitura, mas podem ser utilizados para redirecionar os utilizadores para sites pouco fidedignos;
  9. Não utilize redes abertas e públicas para transações de qualquer tipo;
  10. Assegure-se de que as crianças não têm acesso às suas contas nem aos cartões de crédito;
  11. Tenha sempre uma cópia de segurança dos dados mais importantes num dispositivo externo;
  12. Verifique regularmente as contas para que perceba se existem movimentos que não autorizou.

Durante a época festiva que se aproxima, a maioria dos ataques costuma ocorrer através de técnicas de phishing (método através do qual se tenta obter informações pessoais, ilegalmente, fazendo-se passar por uma qualquer entidade) no entanto isto não desvaloriza o perigo das restantes formas de ataque informático.