As autoridades da Rússia anunciaram, esta terça-feira, a detenção do ministro da Economia, Alexy Ulyukayev, por suspeitas de ter recebido um suborno para aprovar um negócio que envolve uma das maiores petrolífera russa, a Rosneft.

O ministro é suspeito de ter recebido dois milhões de dólares (mais de 1,8 milhões de euros) em troca da aprovação da aquisição de 50% da Bashneft, empresa petrolífera detida diretamente pelo Estado, pela Rosneft. A Rosneft é uma empresa indiretamente controlada pelo Estado e cujos dirigentes, em particular Igor Sechin, são considerados muito próximos do presidente russo.

A detenção de Alexy Ulyukayev surge no âmbito de um inquérito relacionado com corrupção em grande escala, segundo um comunicado do Comité de Investigação da Rússia. Este é o principal órgão de investigação da federação russa que reporta diretamente ao Presidente do país, Vladimir Putin. De acordo com declarações da porta-voz do Comité de Investigação à Bloomberg, Ulyukayev, foi detido em flagrante esta segunda-feira por ter recebido um suborno dos representantes da Rosneft.

O ministro russo pode enfrentar acusações criminais contra os governadores, ministros e funcionários por alegada corrupção, fraude e extorsão e uma pena de prisão entre os oito e os 15 anos. Ulyukayev ocupa o mais alto cargo da Rússia a ser alvo de uma detenção desde a tentativa de golpe de estado de 1991, segundo as agências de notícias internacionais.

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A oferta da Rosneft para comprar a Bashneft provocou um conflito que dividiu o governo, com o primeiro-ministro Dmitry Medvedev e outras autoridades a manifestarem a oposição ao negócio.

O ministro da Economia foi um dos que mostrou reservas. Em agosto, Ulyukayev afirmou que a operação não fazia sentido uma vez que a estava em causa a venda de uma empresa do Estado a outra empresa com capital público, neste caso a Rosneft. No entanto, em setembro mudou de opinião e admitiu que a Rosneft estava legalmente habilitada a fazer uma oferta pela pequena produtora de petróleo, porque o controlo do Estado era indireto. Sabe-se agora que o telefone do ministro da Economia estava sob escuta das autoridades há meses.

Esta posição foi assumida dias depois do próprio Putin ter reconhecido que o negócio era possível porque o orçamento russo precisava do melhor preço possível. O presidente russo admitiu contudo que uma empresa controlada pelo Estado comprar outra empresa pública não era a melhor opção. A Rosneft pagou um prémio face ao valor de mercado .

A Rosneft não vê esta acusação como uma ameaça para a empresa, refere um porta-voz da petrolífera russa à Bloomberg. O Comité de Investigação admitiu já que o acordo com a Rosneft estava em conformidade com a lei e que não era suscitava dúvidas que motivassem uma investigação e não há ainda indicação de que a operação possa ser revertida por causa da investigação. A petrolífera russa prepara-se para lançar uma oferta sobre a participação que ainda não detém na Bashneft.