Desaparecidas na sequência de um incêndio na fábrica Browns Lane, nas Midlands Britânicas, em 1957, nove unidades daquele que ficou conhecido como o primeiro supercarro, o Jaguar XKSS, vão voltar à vida, por arte e mestria da divisão de clássicos da marca britânica, exactamente como foram então concebidas. A primeira delas foi apresentada em Los Angeles, no Salão Automóvel desta cidade norte-americana.

Modelo criado como a versão de estrada do Jaguar D-Type que venceu em Le Mans e que foi produzido entre 1954 e 1956, do XKSS foram construídas apenas 25 unidades. Sendo que, destas, nove acabaram por perder-se no já referido incêndio, poucos dias antes de embarcarem para os EUA, ficando apenas 16.

Contudo, naquele que foi também o segundo desafio assumido pela recém-criada divisão de clássicos do fabricante – o primeiro foram seis Lightweight E-Type de 1963, fabricados em 2014 – a Jaguar Classic decidiu “recuperar” essas nove unidades XKSS que nunca chegaram ao mercado norte-americano. As quais serão então vendidas a clientes e coleccionadores seleccionados, cada uma, por um preço superior a 1 milhão de libras esterlinas, cerca de 1,16 milhões de euros.

Totalmente novos, embora fabricados combinando os desenhos originais existentes no arquivo da Jaguar e a tecnologia moderna, estas unidades contarão inclusivamente com números de chassis da época.

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A primeira unidade, que a Jaguar acaba de apresentar em Los Angeles, deu a conhecer um automóvel que é uma reprodução exacta dos produzidos em 1957, com uma carroçaria feita também ela em liga de magnésio, a partir de um molde específico – os moldes originais já não existem – e baseado nas carroçarias originais dos anos 50. Utilizando como base os quadros originais para o desenvolvimento do chassi, mais uma vez produzido em conjunto com aquele que era o fabricante dos chassis de então, a Reynolds, o XKSS agora construído inclui ainda travões de disco Dunlop nas quatro rodas com as especificações de época, bomba Plessey e pneus Dunlop em rodas de duas peças rebitadas a liga de magnésio.

Debaixo do capot, o XKSS possui um motor Jaguar D-type de 3,4 l com seis cilindros em linha e a debitar 262 cv de potência, sendo que deste fazem parte blocos de ferro fundido inteiramente novos, novas cabeças de cilindro fundidas e três carburadores Weber DC03.

Já no interior encontram-se reproduções perfeitas dos indicadores Smiths originais, num ambiente em tudo igual aos modelos fabricados em 1957 – desde a madeira do volante até à textura dos bancos em pele, passando pelos botões de latão no painel de instrumentos.

Alterações só mesmo para melhorar a segurança do condutor e passageiros, com o sistema de combustível, por exemplo, a utilizar materiais modernos e resistentes, de forma a tolerar o rendimento dos combustíveis actuais.

As oito unidades destinadas a clientes começaram já a ser construídas artesanalmente este ano, com a marca a estimar que o processo de construção de cada um dos novos XKSS consuma cerca de 10.000 horas de trabalho.