Os presidentes do BCP, Santander Totta, Novo Banco e Banco CTT estão de acordo com a necessidade de se encontrar uma solução para o crédito malparado nos bancos. Participantes numa conferência do Jornal Económico e da PwC sobre o futuro da banca, os responsáveis chamaram a esse passo uma “conclusão da estabilização do sistema financeiro”. Mas um plano para livrar os bancos do “pesado legado” do passado não é suficiente — é preciso alterar a lei, uniformizando com as regras noutros países europeus, para a execução de garantias.

“Sabe quanto demoramos a recuperar em tribunal uma casa cujas prestações deixaram de ser pagas? Três ou quatro anos. Em muitos casos, nesse espaço, há pessoas que destroem as casas. Houve casos de casas que já não tinham banheira, uma casa com piscina que tinha areia na piscina”. A descrição, feita por António Vieira Monteiro (Santander Totta), veio na sequência de o tema dos tempos de recuperação ter sido lembrado por Nuno Amado, do BCP, que já no passado tinha falado sobre o assunto publicamente.

Nuno Amado tinha sugerido que, além de um possível plano para os erros antigos, é preciso olhar para a frente e sugeriu que o legislador “se concentre no alinhamento das nossas regras porque os tempos de recuperação são mais do dobro dos piores países na Europa”. É preciso “melhorar a eficácia dos nossos processos”, porque quando se fala de comparação de bancos na Europa, “é impossível ter as mesmas métricas mas regras diferentes”.

António Ramalho, presidente do Novo Banco, concordou que “se vamos limpar o passado com uma esponja mágica e mantemos a estrutura antiga, vamos cometer um erro enorme”. Para o responsável, este é o grande desafio: como é que vai conseguir conviver com o seu passado, o legado positivo e negativo, com os enormes desafios do futuro?”.

No encerramento da conferência, o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças disse que em 2017 será encontrada uma solução eficiente e geradora de valor para os ativos não performantes, isto é, os créditos (e exposições, de um modo geral) que não dão rendibilidade e que impedem os bancos de conceder novos empréstimos sem que isso penalize o seu capital. Ouviram-se, também, críticas à regulação europeia que, por um lado, incentiva os créditos às Pequenas e Médias Empresas (PME) mas, depois, penaliza quem concede esses créditos. A crítica foi de António Ramalho.

O governante acrescentou, também, que o processo de venda do Novo Banco está a atrair “muitos interessados” e defendeu que o governo anterior deixou a banca nacional à beira do “colapso” — segundo Mourinho Félix, os custos suportados com a banca (por exemplo, a resolução do Banif) explicam boa parte do aumento da dívida pública que se tem verificado.

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