A sessão prevista para esta sexta-feira das negociações de paz em Moçambique foi adiada para a próxima semana a pedido do Governo, informou o chefe da delegação da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas conversações.

Estivemos no local, como havia sido agendado, mas a delegação do Governo pediu para que adiássemos o encontro para a próxima semana”, disse à Lusa José Manteigas, acrescentando que a delegação da Renamo não foi informada sobre o motivo do adiamento.

José Manteigas disse que as delegações continuam a tentar harmonizar a nova proposta dos mediadores internacionais e o “pacote de princípios relativos ao processo de descentralização”, no âmbito da exigência do principal partido da oposição de governar nas províncias onde reivindica vitória eleitoral.

Estamos a fazer tudo para encontrar consensos dentro do prazo previsto”, adiantou o chefe da delegação da Renamo, aludindo à pretensão dos mediadores de obterem um consenso e um documento a remeter para o parlamento até ao final de novembro.

Esta seria a primeira reunião de toda a comissão mista das negociações de paz em Moçambique desta fase do diálogo, na medida em que nas sessões anteriores os mediadores privilegiaram encontros bilaterais com as partes.

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A Lusa contactou o coordenador da equipa de mediação, Mario Raffaeli, que limitou-se a dizer que a reunião passou para a próxima semana. A nova versão resulta da articulação das respostas à proposta os mediadores apresentadas pelas delegações do Governo e da Renamo no início desta fase do diálogo.

Além da exigência da Renamo de governar em seis províncias e da cessação imediata dos confrontos, a agenda do processo negocial integra a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo na polícia e nos serviços de informação do Estado, e o desarmamento do braço armado da Renamo e sua reintegração na vida civil.

A região centro e norte de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes. A Renamo acusa, por sua vez, as Forças de Defesa e Segurança de investidas militares contra posições do partido.