Depois de ter divulgado uma nota de condolências, o Presidente da República reagiu de viva voz à morte do histórico líder cubano, uma personalidade “controversa” mas “marcante” e cujo “peso na história não se pode negar”. “Nunca me situei na área ideológica onde Fidel Castro se situou, mas não se pode negar o peso que teve na América Latina, e no mundo em geral”, disse.

Falando aos jornalistas no final de uma visita em Guimarães, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou o facto de ter sido o penúltimo responsável político a encontrar-se com Fidel Castro, há precisamente um mês. Naquele dia, disse, Marcelo “ouviu mais do que falou”, ouviu histórias e “memórias” da revolução contadas pelo próprio e abordou “pontos sobre os quais concordava e outros que discordava”. Certo é que o encontro com o histórico líder que “entrou no imaginário dos seus apoiantes” fica guardado na “memória” do atual Presidente da República português. “Isso é indiscutível”.

Marcelo destacou ainda o facto de Fidel Castro ter sido “um protagonista controverso mas marcante”. Marcante “quer para Cuba, quer para a América Latina, quer ainda para o então chamado terceiro mundo, sobretudo nos anos 60 e 90 do século passado”. E um protagonista que “entrou no imaginário dos seus apoiantes, tornando-se mítico”, acrescentou.

O Presidente da República português esteve a 27 de outubro em Cuba, altura em que esteve reunido com Fidel Castro durante “uma hora cheia”. Marcelo diz que encontrou o ex-líder cubano “fragilizado do ponto vista físico mas intelectualmente muito atento ao que se passava hoje, acompanhando e comentado as notícias do dia, o mundo tal como ele se encontrava, além de recordar o passado com uma vivacidade indiscutível”. “Não diria que apesar da fragilidade física, um mês depois já não pertencesse ao mundo dos vivos”, acrescentou.

Durante a hora “cheia” em que esteve com Fidel, Marcelo diz que os dois falaram “das relações de Portugal e Cuba, do que estava a mudar e do que podia mudar cultural e socialmente”, assim como “da sua visão do mundo, das memórias que tinha de antes da revolução, durante a revolução e nas décadas seguintes à revolução cubana”. “Nesse sentido guardo a imagem de alguém que embora debilitado fisicamente, em termos intelectuais discutia longamente aquilo que se tinha passado na sua vida e o que se passa hoje no mundo”, sublinhou.

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