O The Telegraph revelou que o Chelsea terá pago a um jogador que alega ser vítima de abuso sexual por parte de um recrutador, para manter o escândalo em segredo.

O crime terá sido perpetuado por Eddie Heath, nos anos 70, quando era recrutador no clube. O jogador terá informado o clube da situação há três anos, e até terá apresentado queixa à polícia. O Chelsea começou por ignorar mas, entretanto, decidiu oferecer dinheiro em troca do silêncio do jogador.

Segundo o jornal britânico, terá sido assinado um contrato de confidencialidade tão rigoroso que as partes envolvidas — jogador, família e advogados — nem podiam reconhecer a existência do mesmo. O pagamento terá sido feito durante os últimos três anos, mas desconhece-se o valor acordado.

Depois de confrontado pelo jornal, o Chelsea divulgou um comunicado na sua página oficial, esta terça-feira à noite, a informar o seguinte:

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O clube de futebol Chelsea mantém um escritório de advogados externo a realizar uma investigação sobre um indivíduo contratado pelo clube na década de 1970, que já morreu.

Em relação a um eventual pagamento, o clube não se pronunciou.

Eddie Heath foi recrutador do Chelsea entre 1968 e 1979 — altura em que o clube passou por dificuldades financeiras — e foi responsável por descobrir grandes talentos do futebol entre os quais Gary Locke, Tommy Langley e Ray Wilkins, antigo capitão da seleção inglesa. O Chelsea chegou a considerá-lo um “herói desconhecido”.

Wilkins disse ao The Telegraph, estar em choque com a acusação. “Conhecia o Eddie muito bem, não faz qualquer sentido para mim. Eddie Heath era uma ótima pessoa, era fantástico no que me diz respeito. Eu nunca ouvi nada assim”.

O jogador, não identificado, garante que existem mais vítimas, numa altura em que são vários os casos de pedofilia descobertos no mundo do futebol. Foram já cerca de 20 ex-jogadores, incluindo internacionais, que revelaram ter sido vítimas de agressão sexual. Muitos destes casos estão a ser investigados — nas regiões de Londres, Manchester, Cambridge, Birmingham, Liverpool, Newcastle e Escócia — com a FA (federação inglesa de futebol) a abrir o seu próprio inquérito, pela mão da advogada Kate Gallafent, especialista em proteção de crianças.

Na semana passada o presidente da federação, Greg Clarke, assumiu que esta era a “maior crise” de sempre do futebol inglês, dizendo ter como “prioridade” evitar que haja uma “nova geração de vítimas” de abusos sexuais nos escalões de formação do país. O presidente nega a ideia de que a preocupação da federação seja apenas a de “proteger a reputação do futebol”.

Temos dois objetivos prioritários: assegurarmos de que as vítimas se sintam seguras na hora de denunciar estes factos e fazer todos os possíveis para que não haja uma nova geração de vítimas”, reforçou o presidente.

A ministra inglesa do desporto, Tracey Crouch, já entrou em contacto com os dirigentes de 40 desportos para partilhar a sua preocupação com o histórico de abuso sexual de menores, que não é exclusivo do futebol.