Os produtos homeopáticos sem provas da sua eficácia vão ter de informar os consumidores de que não produzem qualquer efeito. Esta foi a decisão divulgada pela Comissão Federal de Comércio norte-americana, a agência nacional de proteção do consumidor nos EUA, após um estudo recente sobre medicamentos homeopáticos, que refere que estes “não são baseados em métodos científicos atuais”. No documento oficial pode ler-se:

Os medicamentos homeopáticos devem sempre ser fundamentados por evidências científicas competentes e confiáveis”.

A agência do Governo norte-americano foi mais longe referindo que, em certos produtos analisados, “não há nenhuma evidência científica de que o produto funciona e que as alegadas indicações se baseiam apenas em teorias da homeopatia do século XVIII que não são aceites pela maioria dos especialistas médicos atuais”.

O organismo sustentou ainda que a homeopatia se baseia em doses ínfimas e que, muitas vezes, quando os produtos homeopáticos são diluídos para pesquisa já não contêm níveis detetáveis da substância inicial. Por isso, a informação sobre a sua utilidade clínica, tem de estar descriminada no medicamento.

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Em mais de dois séculos, esse método não provou ser mais eficaz do que tomar um gole de água com açúcar.

Na comunicação oficial é referido ainda que a diretiva apresentada é consistente com a Primeira Emenda, uma vez que não limita o acesso dos consumidores a produtos homeopáticos. Pretende apenas dar orientações quanto às políticas de marketing utilizadas pela indústria homeopática.

De acordo com a revista Nutrition Business Journal, a indústria da homeopatia nos EUA atinge vendas de 1,2 biliões de dólares.

Sociedade Homeopática diz que é “barbaridade”

O Observador falou com o presidente da Sociedade Homeopática de Portugal, Francisco Patrício, que vê esta medida com alguma incredulidade:

A indústria farmacêutica não está interessada numa abordagem eficaz e, sobretudo, muito barata”.

O homeopata, médico de clínica geral com especialidade em medicina tropical, realçou que a nova diretiva norte-americana é “uma barbaridade”, face aos muitos estudos já divulgados que sustentam a eficácia da homeopatia. “Há provas dadas que esta abordagem é eficaz, quando até já não existem respostas por parte da medicina convencional”, concluiu.