As exportações deram o mote e a economia cresceu mais que o esperado e acima da média que se tem verificado nos últimos anos, diz o INE, que confirma os números do crescimento publicados há quinze dias, de 0,8% trimestre a trimestre e 1,6% quando comparado com o mesmo período de há um ano. Melhoria da procura interna também deu o seu contributo, embora em menor escala.

Agora com números: a economia cresce bem mais que o esperado porque o contributo para o crescimento da procura externa líquida sobre a economia portuguesa aumentou de -0,4 pontos percentuais para 1,3 pontos percentuais. Quer isto dizer que as exportações aumentaram de forma acentuada, mais que as importações.

Ainda de trimestre para trimestre, destaque para uma queda acentuada da contribuição da procura interna, que passa de um valor positivo, 0,4 pontos percentuais, para uma queda acentuada, de 0,6 pontos percentuais. Aliás, a procura interna só deu uma ajuda para o crescimento em termos homólogos e foi curta, de apenas mais 0,1 pontos percentuais.

Isto quer dizer que a procura interna pode estar ligeiramente melhor que há um ano, mas começou a cair e está a um nível pior que dos últimos trimestres. Isto deve-se à queda do investimento e do consumo público. O investimento tem vindo a registar números fracos ao longo do ano e agora, com uma travagem no consumo público que deve acentuar-se na parte final do ano para que o Governo consiga cumprir a meta do défice, pode agravar ainda mais os números da procura interna.

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A procura interna só não caiu mais porque as despesas de consumo das famílias continuaram a aumentar, consumo esse que deve acelerar na parte final do ano com a chegada do período festivo e com as famílias a terem nas mãos mais rendimento (pagamento de subsídios de natal).

Venda de aviões F-16 à Roménia sem impacto no PIB

Chegou a ser tema de troca de acusações entre a oposição e o Governo (e o PS), mas o INE deixa uma clarificação agora. A venda dos aviões militares à Roménia, que já estava prevista acontecer este ano, vai ter um impacto praticamente nulo no PIB.

Isto acontece porque, apesar de contar como exportações a venda dos aviões, ela também conta como desinvestimento, ou seja, tem um impacto nulo na rubrica de investimento, que por sua vez tira ao PIB aquilo que a exportação dá. As regras estatísticas europeias impõem que assim seja porque na altura em que os aviões foram comprados ao estrangeiro também foram registadas como importação e investimento. Se é quase nulo quando chegaram, também o é quando vão embora.

As regras para registar nas contas nacionais este tipo de investimentos são determinadas a nível europeu, com a participação de Portugal. Devido ao material militar já foram feitas várias mudanças às regras, especialmente à forma de contabilização no défice.