O alerta é da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco): os brinquedos eletrónicos “My Friend Cayla” e “i-Que”, que se ligam à internet, colocam as crianças em perigo, porque falham na proteção, privacidade e direitos dos consumidores mais jovens, anunciou em comunicado.

A notícia chega depois de o Conselho de Consumidores Norueguês, equivalente à Deco portuguesa, ter analisado as características técnicas dos brinquedos que se ligam à internet e ter concluído que provocam “infrações graves aos direitos das crianças, nomeadamente no que respeita à privacidade dos dados pessoais“, porque têm microfones incorporados e utilizam tecnologias de reconhecimento de fala, permitindo-lhes “conversar” com as crianças que os manipulam.

De acordo com a associação de consumidores, quando as crianças interagem com estes brinquedos, podem partilhar informações são que pessoais, logo, sigilosas. Apesar de não se encontrarem à venda em Portugal, em lojas de rua, estão disponíveis e acessíveis aos consumidores através de plataformas online como a Amazon ou o eBay.

Explica a Deco que “qualquer pessoa pode assumir o controlo dos brinquedos através de um telemóvel, tornando possível falar e ouvir através do brinquedo sem ter acesso físico ao mesmo”. Como é que isto poderia ter sido evitado? Com um botão que permitisse emparelhar o telemóvel do pai com o brinquedo, por exemplo.

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Mais: os consumidores têm de aceitar que os termos e condições sejam alterados sem aviso prévio, que os dados pessoais possam ser usados para publicidade e que essas informações possam ser partilhadas com terceiros, o que constitui “uma clara violação legal à proteção de dados e segurança dos brinquedos”.

A Deco explica ainda que a gravação das conversas entre a criança e o brinquedo é transferida para a Nuance Communications, uma empresa americana que se reserva “no direito de partilhar essa informação com terceiros e de a usar para diversos fins“.

Por último, a associação explica que os brinquedos estão formatados com frases pré-programadas, que recomendam diferentes produtos comerciais. “Por exemplo, Cayla «fala» sobre o quanto gosta de alguns filmes da Disney. É clara a relação comercial entre o fabricante e a Disney”, explica a associação em comunicado.

Caso tenha um destes brinquedos em casa, ou tenha comprado, a Deco lembra que pode resolver o contrato celebrado pela internet no prazo de 14 dias e que deve reclamar junto do vendedor e produtor, para impedir que brinquedos com defeitos semelhantes entrem no mercado. Além disso, deve conversar com a criança sobre o que significa o brinquedo estar ligado à internet, analisar como é que estes respondem às perguntas e lembrar-se de o desligar quando não estiver a ser utilizado.