A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) felicitou esta quarta-feira alunos e professores pelo “trabalho meritório” que permitiu a melhoria dos resultados de Portugal nos testes PISA e enalteceu medidas tomadas nos últimos 15 anos, como a introdução de exames.

A SPM felicita, em primeiro lugar, os alunos e os professores, que têm desenvolvido um trabalho meritório, muitas vezes em condições difíceis, no sentido de superar os maus resultados obtidos em 2000, aquando da primeira participação do nosso país neste estudo”, refere um comunicado da SPM esta quarta-feira divulgado.

Portugal conseguiu pela primeira vez resultados “significativamente superiores” à média da OCDE nos testes PISA em ciências e leitura, afirma o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) face aos dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico esta quarta-feira divulgados.

O PISA, na sigla em inglês, é um Programa Internacional de Avaliação de Alunos, em que Portugal participa desde 2000 e que se dirige estudantes de 15 anos, entre o 7.º e o 12.º ano. De 2012 a 2015, as pontuações médias de Portugal no PISA “aumentaram 12, 10 e 5 pontos em ciências, leitura e matemática, respetivamente”, segundo a análise do IAVE.

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A SPM destacou ainda as decisões tomadas ao longo dos últimos 15 anos e as “medidas decisivas” na área da Educação. “Entre elas, destacamos a implementação da avaliação externa, que possibilitou a cada escola — e portanto ao sistema em geral — ir acompanhando o desempenho dos alunos, corrigindo percursos quando necessário. Esta prática foi-se instalando progressivamente no sistema educativo português, com os frutos agora visíveis quer no TIMSS, com alunos do 4.º ano, quer agora no PISA com alunos de 15 anos”, sublinhou a SPM.

Mas a sociedade de Matemática refere ainda outras medidas concretas de política educativa que, defende, contribuíram para a progressiva melhoria de resultados e que “fizeram crescer a exigência e o rigor a todos os níveis”.

Melhorou-se a formação de professores, enriqueceram-se os currículos e programas, estabeleceram-se objetivos claros para o ensino — Metas Curriculares –, introduziram-se provas finais no final de cada ciclo do ensino básico e exigiu-se qualidade aos manuais escolares através do processo de avaliação e certificação”, enumerou a SPM.

Pegando nos dados que evidenciam um grande número de retenções em Portugal, a SPM defendeu que os bons resultados do PISA 2015 não devem permitir “diminuir o grau de exigência”.

“No entanto, no dia em que foram anunciados estes resultados, já não há Certificação de manuais de Matemática, embora esteja a ser implementado um novo programa de Matemática no 12.º ano, já não há provas de avaliação no final dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico e está em curso uma reforma que tem por objetivo reduzir em 25% os conteúdos curriculares a ensinar aos alunos. Porquê desmantelar o que está a dar tão bons resultados?”, questionou a SPM.

A sociedade científica manifestou ainda a sua discordância com “visões catastrofistas e infundadas que há largos anos entendem as últimas mudanças curriculares como propiciadoras de futuros insucessos, em total dissonância com o que de facto se tem observado na prática desde que foram implementadas”.