O político holandês de extrema-direita Geert Wilders foi esta sexta-feira condenado em tribunal por discriminação e discurso de ódio, mas o tribunal não lhe aplicou qualquer pena de prisão ou multa. Em causa está um discurso que fez em 2014, durante um evento de campanha para as eleições municipais, onde incitou a cânticos contra a entrada de marroquinos na Holanda. Na altura, a polícia recebeu mais de 6.400 queixas.

Segundo a BBC, o tribunal considerou “inaceitáveis” as declarações do líder do Partido para a Liberdade, que está na frente das sondagens para as legislativas de março, mas não atribuiu qualquer pena. O próprio reagiu no Twitter classificando a decisão de “loucura”. Wilders vai recorrer da decisão.

Os juízes descreveram o caso como “extraordinário”, por se tratar de um líder de um partido político em funções que tem o “dever de não polarizar a sociedade”. Mas ao fim de três semanas de julgamento, o tribunal decidiu não aplicar qualquer pena, como a acusação queria, por achar que a condenação já era castigo suficiente.

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Em causa estão as declarações que fez durante um comício em Haia, onde perguntou aos apoiantes se queriam “mais ou menos marroquinos na sua cidade e no país”, tendo a plateia respondido “menos! menos!” e Geert Wilders acrescentado ainda que iria “tratar disso”.

No julgamento, o Ministério Público levou alguns cidadãos holandeses de origem marroquina a testemunhar, tendo as testemunhas dito que as declarações os fizeram sentir “cidadãos de terceira categoria”.

Já em 2011 o agora líder do Partido para a Liberdade tinha sido acusado por causa de comentários anti-muçulmanos, nomeadamente quando comparou o Islão a Nazismo e apelou a que o Corão fosse banido. Na altura Geert Wilders foi absolvido e o caso judicial foi visto como tendo sido um impulso de publicidade que acabou por ser favorável à sua campanha.

Segundo a correspondente da BBC na Holanda, à semelhança do que aconteceu nessa altura, a condenação desta sexta-feira não deverá prejudicar muito as aspirações políticas do líder populista, antes pelo contrário. “O julgamento deu-lhe as duas coisas de que precisa: a plataforma para promover a sua mensagem política e a atenção mediática para o seu partido”, escreve a jornalista.

O Partido para a Liberdade está atualmente a 10 pontos percentuais de avanço nas sondagens face ao partido liberal, atualmente no poder.