Os cineastas portugueses João Pedro Rodrigues e João Guerra da Mata ganharam esta segunda-feira um financiamento de 10 mil dólares para o projeto ‘San Ma Lo 270’, uma longa-metragem, no primeiro Festival Internacional de Cinema de Macau. Doze projetos eram finalistas a receber três prémios de 20 mil dólares cada atribuídos pela Fox International Productions e um outro de 10 mil, concedido pela Ivanhoe Pictures e Huace Media.

Os projetos foram apresentados ao longo de três dias a um júri internacional, com potenciais coprodutores ou distribuidores, e ‘San Ma Lo 270’ (uma morada em Macau) foi um dos premiados, disse à Lusa João Guerra da Mata. Trata-se “de mais um filme” que a dupla quer fazer em Macau, explicou, sem dar muitos pormenores por o projeto estar ainda numa fase “muito embrionária”.

“Vai ser uma ficção, mas é nossa intenção que seja completamente diferente da ‘Alvorada Vermelha’. Estamos a falar de um filme feito de uma maneira muito mais convencional, um filme de atores, com uma equipa, nada a ver nem com os dois documentários curtos sobre o Mercado Vermelho e a Fábrica de Panchões ou ‘A última vez que vi Macau’, que é um filme muito experimental”, disse apenas, referindo-se aos filmes que a dupla já fez na cidade.

“Macau continua a ser um território que nos desperta muito interesse e com o qual eu, pessoalmente, tenho uma relação afetiva muito forte e que eu acho que é potencialmente um sítio extraordinário para se criarem ficções, documentários, etc.. Macau é realmente um território muito cinematográfico”, afirmou.

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João Pedro Rodrigues e João Guerra da Macau vão ficar em Macau até meados de janeiro para fazer alguma pesquisa para o filme. “As nossas ficções partem sempre de uma base da realidade, uma base real, e a partir daí extrapolamos para a ficção”, afirmou Guerra da Mata, que disse acreditar que ‘a história interessou ao júri’ e que o currículo dos dois portugueses ajudou à atribuição do prémio, considerando que a circunstância de ser um projeto relacionado com Macau não foi relevante. “Penso que não, havia pessoas com projetos para serem filmados em várias partes do mundo e o júri não era exclusivamente de Macau ou chinês. Era de todo o mundo, bastante eclético”, sublinhou.

Guerra da Mata disse ser “fantástico ter ganhado” este prémio no primeiro Festival Internacional de Cinema de Macau e que foi ‘muito, muito inesperado’. “Havia projetos muito bem desenvolvidos, projetos muito, muito interessantes. Estou mesmo muito, muito feliz, significa que a história que contámos, pelo menos para este júri, tem pernas para andar’, afirmou.

O filme não tem ainda um argumento ou sequer orçamento, havendo só ‘uma ideia muito concreta” dos dois cineastas em relação àquilo que pretendem fazer. Guerra da Mata disse que a expetativa é que o argumento seja escrito em 2017 e que as filmagens decorram no ano seguinte, “se tudo correr bem” e for possível encontrar os financiamentos necessários.

Outro dos projetos finalistas no ‘Crouching Tigers Project Lab’ do festival de Macau, em busca de financiamento, era ‘Peregrinação’, de João Botelho.

O Festival Internacional de Cinema de Macau termina na terça-feira e na competição está ‘São Jorge’, do realizador Marco Martins, que valeu a Nuno Lopes o Prémio Especial de Melhor Ator na secção ‘Orizzonti’ do Festival Internacional de Cinema de Veneza em setembro.