Dylann Roof, o jovem de 22 anos que matou nove pessoas numa igreja frequentada por afro-americanos em junho de 2015 em Charleston, no estado norte-americano da Carolina do Sul, foi declarado culpado por um júri de um conjunto de 33 crimes que vão do homicídio, crime de ódio e obstrução do exercício da religião.

A condenação surge sem surpresa, uma vez que o arguido admitiu os seus crimes durante a investigação do caso e os seus advogados de defesa nunca tentaram provar a sua inocência. Durante o julgamento, manteve-se de pé e com as mãos algemadas atrás das costas, ao mesmo tempo que famílias e três sobreviventes do tiroteio de 17 de junho de 2016 assistiam à sessão. O julgamento decorreu num tribunal que fica a menos de dois quilómetros da igreja onde os crimes foram praticados.

Durante a sessão, Dylann Roof riu-se em mais do que uma ocasião, nomeadamente quando foram descritos os pormenores daquele dia. Durante uma das sessões, de acordo com os advogados de defesa do jovem norte-americano, a sua mãe teve um ataque cardíaco. De forma lacónica, disse: “Matei-os, sim, acho que sim”.

“Não tinha outra escolha”

Pouco depois de ter cometido os crimes, a investigação descobriu um recado no carro de Dylann Roof em que explicava as razões do crime e quais eram as motivações. Naquele documento, dizia que “não tinha outra escolha” para além de cometer aqueles crimes e deixou claro que a motivação era racial. Segundo a investigação, Dylann Roof dizia que os negros são “o maior problema dos americanos” e que escolheu cometer o crime em Charleston por ser a cidade “mais histórica” do seu estado e que “a certa altura teve o maior rácio de negros para brancos no país”.

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“Eu não estou em posição de ir, sozinho, para o gueto e lutar”, explicou. “Não temos skinheads, não temos um verdadeiro KKK, não há ninguém a fazer nada para além de falar na internet”, acrescentou, para explicar a razão de ele próprio ter cometido aqueles crimes.

A governadora da Carolina do Sul, a republicana Nikki Haley, emitiu um comunicado reagindo à condenação desta quinta-feira. “Espero que os sobreviventes, as famílias e o povo da Carolina do Sul possam encontrar alguma paz no facto de a justiça ter sido feita”, disse a mulher que, a partir de 20 de janeiro de 2017, e a convite de Donald Trump, passará a servir como embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas.

O tribunal vai voltar a abordar o caso a partir de 3 de janeiro, para decidir qual será a sentença aplicada ao atirador de Charleston. Uma vez que a justiça norte-americana determinou que Dylann Roof, ao contrário daquilo que os seus advogados de defesa argumentaram, tem as capacidades mentais necessárias para ser imputável, a única dúvida que agora resta é a de saber se será condenado a pena de morte ou a prisão perpétua.