“Os Belos Dias de Aranjuez”

Se, em todo o seu tédio e toda a sua vacuidade, há alguma coisa que “Os Belos Dias de Aranjuez”, de Wim Wenders, consegue mostrar é que não são só as superproduções de Hollywood que utilizam o 3D sem qualquer justificação. Também pode suceder o mesmo nos filmes europeus com pretensões intelectuais, caso deste. Baseado numa peça de Peter Handke, com o qual Wenders colaborou em fitas incomensuravelmente melhores que esta, como “Movimento em Falso” ou “As Asas do Desejo”, “Os Belos Dias de Aranjuez” é um poderosa chumbada. Num dia de Verão, numa casa de campo dos arredores de Paris, um homem (é escritor) escreve à máquina, enquanto que numa mesa no jardim, um casal — as suas personagens – dialoga sobre a vida, o amor e a beleza de forma vaga e desprovida de qualquer interesse. O escritor bate teclas, pára para pensar, levanta-se para ir mudar um disco na “jukebox”, angustia-se, o homem e a mulher não cessam de dar à língua, Nick Cave aparece a certa altura, a cantar uma canção soporífera e a tocar piano, e nós ficamos entorpecidos e estarrecidos perante a total irrelevância e a completa nulidade de “Os Belos Dias de Aranjuez”. E em 3D.

“O Infiltrado”

Robert Mazur era um agente especial do governo dos EUA que, nos anos 80, conseguiu infiltrar-se no cartel do narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Mazur fez-se passar por um homem de negócios abastado e com importantes ligações internacionais, que lhe permitiriam “lavar” dinheiro da venda de droga, e contou toda a história na sua autobiografia, que é aqui adaptada ao cinema por Brad Furman, com Bryan Cranston no papel do ex-agente federal (o ator também é produtor executivo de “O Infiltrado”). Não há nada de particularmente novo nesta fita do subgénero “combate à droga na década de 80”, e mesmo trabalhando sobre factos reais e vividos, “O Infiltrado” não deixa de percorrer, laboriosa e longamente, todo o catálogo de lugares-comuns e de figuras-tipo reconhecíveis. Não são as interpretações de Cranston, John Leguizamo, Diane Kruger ou Benjamin Bratt que redimem “O Infiltrado” da sua formatação e convencionalidade, e Furman bem que podia ter “aparado” algum tempo aos 120 minutos que o filme dura, porque mais parecem ser 240.

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“Rogue One: Uma História de Star Wars”

O realizador britânico Gareth Edwards (“Monstros-Zona Interdita”, “Godzilla”) assina esta primeira fita de uma nova linha de aventuras da saga “Guerra das Estrelas”, autónoma dos filmes principais, e intitulada “Star Wars: Anthology”. A história de “Rogue One” passa-se antes dos acontecimentos narrados em “Guerra das Estrelas”, de George Lucas. Um grupo de rebeldes lança uma audaciosa operação para roubar os planos da Estrela da Morte, a nova super-arma de destruição em larga escala do Império. Felicity Jones, Forest Whitaker, Diego Luna, Mads Mikkelsen, Ben Mendelsohn e Riz Ahmed estão entre os principais intérpretes do filme, onde James Earl Jones volta a dar voz a Darth Vader. “Rogue One: Uma História de Star Wars” foi escolhido pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.