Os separatistas catalães querem realizar um referendo à independência da região em setembro de 2017, disse na sexta-feira à agência Associated Press o líder pró-independência, Carles Puigdemont. A falta de entendimento com Madrid para a realização deste escrutínio não demove os separatistas das suas intenções. “Teríamos que ter tudo pronto mas pode ser realizado antes, com certeza”, disse Puigdemont, quando questionado sobre a possibilidade de antecipar o voto para que venha a ser impedido por complicações políticas e legais.

A Constituição espanhola não permite referendos sobre os ímpetos secessionistas de nenhuma região. Na sexta-feira, a “speaker” do Parlamento Regional da Catalunha, um cargo equivalente ao nosso Presidente da Assembleia, Carme Forcadell, foi chamada a tribunal para ser questionada sobre os motivos que a levaram a autorizar os deputados a debater uma moção sobre um referendo que não se pode realizar. À porta estavam mais de mil pessoas, entre apoiantes da independência da Catalunha, o próprio Puigdemont e centenas de presidentes de câmaras da região com bandeiras pró-independência e a cantar slogans separatistas. A demonstração de apoio a Forcadell foi uma estratégia para colocar pressão em Madrid, segundo analisa a Associated Press.

“Tornei claro que nenhum tribunal pode parar o Parlamento de debater a independência ou qualquer outro assunto que afete as pessoas deste país”, disse Forcadell depois de meia hora a responder a perguntas do juíz. As autoridades catalãs acusam Madrid de utilizar os tribunais de atacar os deputados separatistas, mas o porta-voz do governo espanhol Inigo Mendez de Vigo disse na sexta-feira que “em Espanha o sistema judicial é independente e não responde a qualquer tipo de pressão. Não podemos passar um cheque em branco a pessoas que queiram ultrapassar impunemente e muito menos como quando essas pessoas são membros de aparelhos de gestão pública”, disse de Vigo.

O sentimento separatista começou a aumentar há cinco anos, quando Espanha se encontrava no olho do furacão da crise, e a Catalunha se queixava de pagar mais em impostos do que recebia em investimento público. As sondagens mostram que os 7,5 milhões de residentes estão mais ou menos divididos nas suas intenções de de voto, mas uma larga maioria acha que se deve realizar um referendo.

Puigdemont disse que o seu governo quer negociar com Rajoy, mas não abdica de um voto. Para o líder separatista a Catalunha “está presa a uma relação decadente com Espanha” porque “as aspirações da Catalunha são continuamente contestadas por um Estado que deveria estar a trabalhar em nosso favor”.

Mas também há vozes que consideram a campanha pela independência um distração desnecessária. “Já estamos na União Europeia e somos parte de espaço: somos uma região rica que faz parte de um país rico e os nossos líderes estão a inventar problemas”, disse Ines Arrimadas, líder do partido da oposição Cidadãos.

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