A fatura paga pelos contribuintes com o sistema financeiro nacional continua a crescer desde 2008 e atingiu, no final do ano passado, os 14,3 mil milhões de euros, o equivalente a 8% do PIB de 2015, avança o Tribunal de Contas no parecer divulgado esta terça-feira em que analisa a Conta Geral do Estado de 2015.

As contas, já feitas no passado e atualizadas ao final de 2015, avaliam os gastos feitos pelo Estado desde 2008 para ajudar o setor financeiro nestes últimos oito anos. Aqui se inclui a fatura até agora com o BPN, o BPP, o BES, os apoios ao BCP e ao BPI, e os custos com a Caixa Geral de Depósitos, o banco 100% público.

De acordo com a instituição liderada por Vítor Caldeira, o Estado injetou nos bancos cerca de 20,4 mil milhões de euros – mais de um décimo do PIB do ano passado -, tendo conseguido recuperar até ao final do ano passado menos de 30% deste valor.

Assim, de acordo com os cálculos do Tribunal de Contas, a fatura já chega aos 14.347,5 milhões de euros. O acréscimo, face aos mais de 11 mil milhões verificados há um ano, deve-se à resolução do Banif, levada a cabo no final do ano passado.

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Os cerca de 2,3 mil milhões de euros para a capitalização do Banif e criação do veículo Oitante, que serve para vender os ativos do banco que o Santander não quis, juntamente com os cerca de 460 milhões gastos com os veículos do BPN e mais pagamentos aos clientes do BPP, fizeram esta conta crescer novamente.

Esta despesa pode ainda descer caso sejam recuperados, como é expectável, os empréstimos feitos via obrigações de capital convertível ao BCP e BPI, tal como com a venda do Novo Banco, que se terá arrastado, novamente, agora para janeiro do próximo ano, assim como com a venda de ativos do antigo Banif e do BPN.

Por outro lado, recorde-se que o Estado está em vias de injetar um valor considerável de capital na Caixa Geral de Depósitos, cuja parte pública está estimada em 2,7 mil milhões de euros, o que pode compensar pelo menos parcialmente os valores que se venham a conseguir com a venda de ativos. Mas boa parte destas operações só deve acontecer ao longo de 2017, o que quer dizer que só virá a ser objeto de análise deste parecer no final de 2018.