Quem mais se não Frank Rinderknecht para criar um citadino de dois lugares inspirado no célebre robot R2D2 da Guerra da Estrelas? Para quem o nome do visionário suíço de 61 anos não diga grande coisa, adiante-se que é o fundador e líder da Rinspeed, e também autor de alguns dos mais arrojados e invulgares projectos de automóveis das últimas décadas.

O aqui em apreço dá pelo nome de Oasis. E é um protótipo (o 23º da Rinspeed) de um veículo eléctrico e autónomo destinado, nas palavras do seu criador, a enfrentar a selva urbana. Para o que até conta com uma pequena horta removível sobre o tablier, atrás do volante, sob o óculo dianteiro, suficientemente ampla para plantar rabanetes, ou até bonsais – ajudando a transmitir a ideia de que, no futuro, sobreviver na cidade não implicará conduzir um SUV do tamanho de um “tanque de guerra”.

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Mas há mais. Além dos revestimentos em pele e em tecidos sintéticos, o habitáculo do Oasis conta com piso em madeira (verdadeira), suportes dos bancos em alumínio e saídas de ventilação retrácteis. Só que, ainda mais impressionante do que isso, é a forma como este futurístico citadino se liga ao mundo. Dispondo, até, de um assistente pessoal virtual, o Oasis está, desde logo, permanentemente ligado às redes sociais através da Internet. Ao mesmo tempo, essa ligação permite-lhe recorrer a um sistema de navegação com informação de trânsito (e outra) em tempo real, que até é capaz de antecipar potenciais situações de congestionamento e, em função delas, alterar a rota para o destino, de forma a evitá-las.

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Um exemplo? Imagine que a rota definida implica passar pela célebre Segunda Circular da capital, em dia de dérbi entre os dois grandes (lisboetas) do futebol. E que tal acontece no momento em que o jogo termina, sendo mais do que provável o regresso de milhares de adeptos a suas casas. O sistema de conectividade desenvolvido pela Harman, com base nessa informação, automaticamente traça um novo percurso que evite a problemática artéria de Lisboa.

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E isto acontece tanto quando condutor vai ao volante, como quando o veículo circula em modo totalmente autónomo. Neste caso, o volante (desenvolvido pela ZF) dobra-se, de modo a transformar-se num teclado ou numa mesa de trabalho. E se o interior passa a funcionar como escritório, para ajudar nas tarefas, do software do Oasis já fazem parte o Office e o Skype com tradução simultânea – com o idioma a utilizar a ser escolhido pelo omnipresente assistente pessoal, conhecedor das preferências de quem segue a bordo, condutor e passageiro.

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Concessão ao classicismo? O relógio mecânico instalado na coluna de direcção…

Toda esta conectividade permite, ainda, que o Oasis seja utilizado de múltiplas formas, assim seja o desejo do seu proprietário. Algumas delas potencialmente bem lucrativas. Ou seja, quando não utilizado para uso particular, o citadino pode desempenhar serviços de carsharing, ou mesmo de entregas de encomendas ou de comida. Com o proprietário a ser informado de todas as suas actividades em tempo real, mais uma vez, através das redes sociais.

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Para quem tudo isto não seja suficiente, acrescente-se que o sistema de infoentretenimento pode ser comando tanto através do toque, como por voz ou, simplesmente, por gestos. O pára-brisas dianteiro também serve de ecrã para o sistema de realidade aumentada através de projecção holográfica por laser – dando novo significado ao que hoje conhecemos como head-up display, desde logo no que às dimensões diz respeito. Já o multifuncional pára-brisas posterior projecta, ele próprio, as luzes exteriores traseiras do veículo e serve como ecrã táctil, a partir do exterior, para digitar o código de acesso à caixa multifunções, que pode ser utilizada para entregar ou levantar encomendas quando o veículo se encontra estacionado, ou para colocar um power bank capaz de aumentar a autonomia do Oasis sempre que necessário.

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A mecânica, essa, é a suficiente para fazer mover, de forma limpa, um veículo assumidamente de vocação urbana e suburbana: dois motores eléctricos integrados nas rodas, os quais, em conjunto com o sistema de vectorização de binário e um ângulo de direção muito específico (tudo desenvolvido pela ZF) permitem que o Oasis praticamente rode sobre si próprio. Ao melhor estilo do inesquecível R2D2.

Para vê-lo em funcionamento, ao vivo e a cores, bastará ir a Las Vegas, ao CES, ou ao Salão de Detroit no início de Janeiro; ou esperar lá mais por Março, quando o arrojado citadino fizer a sua estreia europeia no Salão de Genebra.