A Operação Marquês, que investiga o antigo primeiro-ministro José Sócrates, tem mais um arguido. Segundo avança a SIC, o advogado José Abrantes Serra foi interrogado na sexta-feira passada pelo Ministério Público na qualidade de arguido.

O advogado será suspeito da prática dos crimes de tráfico de influências e fraude fiscal, associados à sua participação em negócios da antiga Portugal Telecom, avança a estação de televisão. Os escritórios de Abrantes Serra, situados na Rua Castilho, foram alvos de buscas em julho que resultaram na apreensão de centenas de documentos que deram à corpo às suspeitas dos investigadores.

No centro das suspeitas está a intervenção do advogado nos negócios da antiga PT, em particular na venda da brasileira Vivo à Telefónica e posterior entrada da empresa portuguesa na Oi. José Sócrates, na altura primeiro-ministro, começou por se opor à venda da Vivo em 2010, mas acabou por dar a sua bênção à operação que veio a resultar mais tarde no projeto de fusão entre a Oi e a PT. Os investigadores, diz a SIC, suspeitam que estas transações possam ter resultado no pagamento de luvas ao ex-primeiro ministro socialista.

Abrantes de Sousa seria ainda amigo de José Dirceu, o antigo chefe da casa civil do presidente Lula da Silva, que também se empenhou no negócio entre a PT e a Oi. Dirceu foi condenado no Brasil por crimes de corrupção, no quadro dos casos Mensalão e Lava Jato.

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No interrogatório a que foi sujeito, o advogado não terá respondido às perguntas dos procuradores, relacionadas com a sua atividade profissional, alegando que precisava de pedir à Ordem dos Advogados o levamento do sigilo profissional. Só depois de autorizado o pedido é que Abrantes Serra estará disponível para responder aos responsáveis pelo processo.

A constituição de mais um arguido na Operação Marquês — serão já 18 — surge a menos de três meses do prazo final para a conclusão do inquérito. O prazo para apresentação do despacho final — de acusação ou arquivamento — já foi adiado mais do que uma vez e termina a 15 de março de 2017.

Outros arguidos neste processo são José Sócrates, Armando Vara e a sua filha, Bárbara Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda e Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.