Produzido, exclusivamente, na fábrica da GM de Orion, no estado-norte americano do Michigan, lado a lado com o seu “irmão gémeo” Chevrolet Bolt, já se sabia que o Opel Ampera-e iria chegar de forma faseada aos diversos mercados europeus, pelo menos até que aquela unidade fabril atinja a sua máxima capacidade produtiva. Perante isto, é compreensível a decisão da Opel em fazer chegar primeiro o modelo aos países com maior potencial vendas, maiores incentivos à compra de eléctricos e melhores infraestruturas de carregamento. Será posto à venda na Alemanha, França, Holanda e Suíça na próxima Primavera, nos restantes países europeus no final de 2017 e, nalguns casos, apenas no início de 2018.

Mas, para estrear comercialmente o Ampera-e, não espanta que a Opel tenha eleito a Noruega. Afinal, por ali já circulam quase cem mil automóveis eléctricos, e o país, não obstante a sua forte dependência da exploração e comercialização de petróleo, mantém uma forte aposta neste tipo de mobilidade. É bom recordar que, na Noruega, os veículos eléctricos estão isentos de impostos sobre a aquisição, pagam baixas taxas de circulação e ainda têm portagens, travessias de ferry e estacionamento urbano gratuitos, além de poderem utilizar os corredores destinados aos transportes públicos.

Tudo factores que em muito ajudam a explicar a mais elevada taxa de penetração de automóveis eléctricos do mundo, que era já de 22% no final de 2015. E não deixarão de contribuir para que a Opel preveja que, a breve trecho, o Ampera-e seja o seu modelo mais vendido por aquelas paragens, onde está à venda em todos os seus concessionários, o que não deverá acontecer em mais nenhum mercado.

O que para alguns poderá ser surpreendente é o facto de o Ampera-e ser proposto, na Noruega, a um preço superior ao praticado por propostas como o BMW i3 ou o Nissan Leaf. Na sua versão de acesso, o eléctrico da Opel custa, na Noruega, cerca de 33 500 euros, contra os cerca de 30 mil euros pedidos pelo modelo bávaro e os menos de 23 mil euros que custa o representante japonês – ou seja, tem um comprimento semelhante ao do Corsa, um interior que promete ser tão espaçoso quanto o do Astra, mas custa naquele país nórdico quase tanto como um Insignia.

Ao Automotive News Europe, um porta-voz da Opel alertou para o facto de não ser possível extrapolar o preço do modelo para outros mercados a partir do praticado na Noruega, tendo em conta tratar-se de um caso único em termos de incentivos e condições de aquisição de automóveis eléctricos. Já a filial portuguesa da Opel sublinhou não existirem condições para antecipar preços ou posicionamento no mercado para um modelo que, entre nós, estará ainda a cerca de um ano do seu início de comercialização.

Em todo o caso, e apesar da afirmação da Opel que de o Ampera-e será um automóvel “acessível”, é bem provável que o seu preço possa não ser tão reduzido quanto alguns poderiam crer à partida. Convém não esquecer que, num eléctrico, a tecnologia das baterias é um dos elementos que mais pesa no respectivo preço, regra que não deixará de cumprir-se num modelo que anuncia uma autonomia superior a 500 quilómetros no ciclo de homologação, e de quase 400 quilómetros em condições reais de utilização.

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