A União Europeia só conseguiu deportar 36% dos migrantes que receberam ordem de expulsão em 2015, escreve esta segunda-feira o jornal espanhol El País. O controlo dos fluxos migratórios tem sido uma das principais medidas da UE, especialmente com o aumento do número de requerentes de asilo resultante das primaveras árabes, em 2011.

A política europeia tem sido, sobretudo, a de tentar acolher os migrantes que fogem da guerra e deportar os migrantes económicos, mas o processo não tem sido eficaz. Segundo dos dados do Eurostat referidos pelo mesmo jornal, foram emitidas mais 530 mil ordens de deportação em 2015, mas apenas 193.565 pessoas foram efetivamente retiradas do espaço europeu — apesar de o Eurostat justificar que muitos migrantes regressam de forma voluntária depois de receberem a ordem de expulsão.

O diretor da Frontex (agência europeia responsável pelas fronteiras externas da UE), Fabrice Leggeri, explica ao El País as dificuldades em concretizar o processo: “É muito difícil, porque os países a que devem retornar os migrantes ou não cooperam ou não encontram a documentação destes migrantes”. O assunto tem merecido atenção por parte das instituições europeias, especialmente depois do atentado a um mercado de Natal em Berlim, cujo principal suspeito, Anis Amir, era um tunisino que já tinha recebido ordem de expulsão, e que aguardava a deportação.

A maioria dos migrantes a aguardar deportação na União Europeia encontra-se na Grécia (perto de 25%), na França (19%) e na Alemanha (12,6%). Já em relação aos países de retorno, Síria, Albânia, Afeganistão, Marrocos e Iraque estão no topo dos países cujos nacionais receberam maior número de ordens de expulsão. No entanto, a lista dos países que recebem efetivamente mais deportados é diferente, com Albânia, Kosovo, Sérvia e Índia no topo — isto porque a UE não tem acordos de extradição com muitos países do Médio Oriente, o que tem dificultado uma parte considerável das deportações.

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