O governo decidiu adiar todo o processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para 2017, para evitar que o défice das contas públicas deste ano possa vir a ser penalizado pela operação. Já se sabia que a injeção de 2,7 mil milhões de “dinheiro fresco” só iria acontecer no próximo ano — Mário Centeno já o tinha dito no parlamento –, mas também a conversão do empréstimo estatal de 900 milhões (as chamadas CoCo‘s) só vai acontecer nas primeiras semanas do ano, noticia esta quinta-feira o Jornal de Negócios. António Domingues conseguiu do BCE a autorização para que a Caixa entre em 2017 com rácios de capital abaixo dos mínimos.

O objetivo do governo é evitar que o Eurostat possa vir a considerar esta operação (ou seja, a componente da conversão dos CoCos em capital) como relevante para o défice. Este empréstimo foi feito ao abrigo do programa de recapitalização da Caixa na era da troika. Nunca foi reembolsado um único cêntimo desse empréstimo, que conta como capital do banco, mas ao longo dos últimos anos pagaram-se juros elevados (crescentes, quase 10%) ao Estado por esse empréstimo.

Segundo o Negócios, além da questão das Cocos está em causa, também, a transmissão de 49% da Parcaixa para a Caixa Geral de Depósitos. Em conjunto, as duas medidas suportam o capital da CGD em 1.428 milhões. A administração de António Domingues obteve autorização europeia para fazer estas operações sem que isso contasse com ajudas de Estado, mas foi a tutela que decidiu passar o processo, na íntegra, para 2017.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR