Marcelo Rebelo de Sousa fará no domingo o seu primeiro discurso de Ano Novo enquanto Presidente da República, dez anos depois de Cavaco Silva ter exigido progressos na economia, educação e justiça. A tradicional mensagem de Ano Novo do chefe de Estado, emitida todos os anos depois do jantar de dia 1 de janeiro, é um dos principais discursos institucionais do Presidente da República, habitualmente focada no ano que se inicia.

Em 2007, Cavaco Silva estava em Belém há dez meses e, na sua primeira mensagem de Ano Novo, focou-se nos resultados que deveriam ser apresentados, exigindo “progressos claros” na economia, educação e justiça num ano que classificou como crucial para o futuro do país.

“Os portugueses exigem realizações concretas. E o Presidente da República acompanha-os nessa exigência de resultados. É muito importante que em 2007 se registem progressos claros em, pelo menos, três grandes domínios da nossa vida coletiva: desenvolvimento económico, educação e justiça”, afirmou Aníbal Cavaco Silva.

Falando na necessidade de uma recuperação no investimento, na importância do reequilíbrio das contas públicas e da qualidade na educação, o então Presidente da República disse também que o país vivia “um tempo de esperança”, embora compreendendo os sentimentos daqueles que se mostravam insatisfeitos.

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Numa altura em que se falava ainda de “cooperação estratégica” com o Governo então liderado pelo socialista José Sócrates, Cavaco Silva dizia ser fundamental que existisse “um clima de confiança e estabilidade” que favorecesse o desenvolvimento económico e social e permitisse “a realização de reformas inadiáveis”.

Num tom conciliador, Cavaco Silva defendeu a existência de um “salutar relacionamento institucional entre o Governo e os seus interlocutores” e assinalou que procurou “assegurar as condições políticas para que Portugal siga um caminho de futuro, no respeito pelas opções democráticas dos cidadãos”, apesar do país precisar “de todos”.

Nove anos depois, na última mensagem de Ano Novo e a pouco mais de dois meses de deixar o cargo, Cavaco Silva falava em “tempo de incertezas” e sublinhava a necessidade de defender o modelo político, económico e social que vigorou nas últimas décadas.

“Um Ano Novo é sempre um tempo de incerteza mas também de esperança. Olhamos o futuro sem saber o que este nos trará – a nós, às nossas famílias, ao nosso país. Mas, em simultâneo, encaramos sempre o Ano Novo com um sentimento de esperança, desejando que ele seja melhor e mais próspero, quer no plano pessoal e familiar, quer no plano profissional”, disse o entre Presidente da República, que terminou o mandato a 9 de março.

Com elogios ao “país real” que considerou desconhecido e subvalorizado por muitos políticos, o então chefe de Estado deixou ainda um apelo ao combate às desigualdades e à pobreza e uma nota a favor do acolhimento dos imigrantes que querem integrar-se em Portugal.

No final da mensagem, proferida na pré-campanha eleitoral para as presidenciais e com um Governo socialista minoritário suportado por BE, PCP e Verdes no parlamento, Cavaco Silva voltou a falar no “tempo de incerteza” que se vivia, sublinhando a necessidade de “renovar o contrato de confiança entre todos os portugueses”.

“Com esperança no futuro, desejo aos Portugueses – a todos os Portugueses – um feliz Ano Novo”, concluiu.