A Antígona vai publicar, a partir deste ano, as obras de Eduardo Galeano, jornalista e romancista uruguaio reconhecido como um dos grandes nomes da literatura de esquerda da América do Sul. A primeira obra, As Veias Abertas da América Latina, sai já em fevereiro.

Publicado originalmente em 1971, As Veias Abertas da América Latina trata-se de um estudo sobre a exploração económica, política e social do continente sul-americano, primeiro pela Europa e, mais tarde, pelos Estados Unidos da América. “Numa escrita eloquente e apaixonada, é uma condenação visceral da infâmia e da ganância no mundo”, refere a editora.

Banido no Brasil, Chile, Argentina e Uruguai, o ensaio foi traduzido em 12 línguas, tendo vendido mais de um milhão de exemplares no mundo inteiro. Em 2009, Hugo Chávez ofereceu-o a Barack Obama. Esta é a primeira vez que As Veias Abertas da América Latina é traduzido e publicado na íntegra em Portugal, tendo sido editado anteriormente de forma parcial e bastante incompleta.

Além desta obra, a Antígona irá ainda publicar este ano o livro Espelhos. Em 2018, serão editados, pela primeira vez em português, O Caçador de Histórias, Mulheres, Palavras Errantes e O Livro dos Abraços.

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Eduardo Hughes Galeano nasceu a 3 de setembro de 1940. Iniciou a carreira de jornalista nos anos 60 como editor do semanário Mancha, que tinha como colaboradores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi preso em 1973 (dois anos depois de publicar As Veias Abertas da América Latina) na sequência do golpe militar uruguaio. Com a subida ao poder de Jorge Rafael Videla, em 1976, o seu nome foi acrescentado à lista dos esquadrões da morte.

Galeano viu-se então obrigado a fugir do país, exilando-se em Espanha. Foi aí que onde começou a escrever a trilogia Memória do Fogo (que foi publicada em Portugal em dois volumes pela Livros da Areia), considerada a “mais poderosa acusação literária” sobre o colonialismo na América.

Regressou ao Uruguai em 1985, depois do fim da Ditadura Militar, instalando-se em Montevidéu, a sua terra natal. Foi aí que morreu a 13 de abril de 2015, aos 74 anos.

Estreias e outros clássicos

Entre as novidades da Antígona para 2017, conta-se aquela que é provavelmente a melhor coletânea de contos de George Saunders, Pastoralia. Publicados originalmente na New Yorker, os contos de Pastoralia (entre os quais se inclui “Carvalho do Mar”, um dos mais famosos do escritor) reúnem o registo mais singular de Saunders. O livro sai já em janeiro, numa tradução de Rogério Casanova.

E por falar em contos, em março a editora irá lançar um conjunto de contos de Evgueni Zamiatine, traduzidos diretamente do russo por Nina e Filipe Guerra. A coletânea, precedida do texto “Carta a Estaline”, inclui alguns dos melhores contos do autor de Nós, como “O Dragão”, “O Norte”, “O Xis”, “A Caverna” e “Inundação”, ordenados cronologicamente.

Em abril, sairá Requiem por Um Sonho, de Hubert Selby Jr. (livro que serviu de inspiração ao famoso filme realizado por Darren Aronofsky em 2000), e em maio o romance Manuscrito Corvo, de Max Aub.

No mês seguinte, a Antígona irá publicar Tono-Bungay, muitas vezes apontado como a obra-prima de H.G. Wells. O romance, “sátira à mercantilização crescente e à credulidade do mundo”, conta a história de George Ponderevo e de um líquido-remédio que promete restaurar a saúde, beleza e energia.

Mas as novidades não vão ficar por aqui: no que diz respeito à não-ficção, a Antígona irá lançar em maio a primeira obra traduzida para português sobre drones Drones, de Hugh Gusterson. Em junho, será a vez de mais um clássico de Henry David Thoreau, Uma Semana nos Rios Concord e Merrimack.

Em julho, será publicado Vindicação dos Direitos da Mulher, de Mary Wollstonecraft, obra fundadora do feminismo. Escrito em 1792, Vindicação dos Direitos da Mulher trata-se de um texto fundamental e marcante sobre a condição e o papel da mulher na sociedade.