A crítica não poderia ser mais clara. Para o PCP, os aumentos anunciados nos preços da energia, transportes e comunicações vão “absorver uma parte significativa da reposição do rendimento dos trabalhadores e dos reformados e pensionistas iniciada em 2016”.

Numa nota enviada às redações, com o título sugestivo de “Ano novo, velhos problemas”, os comunistas insurgem-se contra a atualização dos “preços na eletricidade, nos combustíveis, nas portagens, nas comunicações e nos transportes públicos” e expressam a sua “preocupação” e “discordância” com o facto de esses aumentos serem “projetados em cadeia nos preços de outros bens essenciais, nomeadamente na alimentação”.

“Na verdade, o peso crescente destas despesas nos orçamentos familiares, como o último inquérito às despesas das famílias demonstram, irá absorver uma parte significativa da reposição do rendimento dos trabalhadores e dos reformados e pensionistas iniciada em 2016, impedindo e limitando desta forma a melhoria das condições de vida da nossa população”, argumenta o PCP.

Os comunistas lembram, de resto, o mais recente estudo do INE de Inquérito às Despesas da Família, que permitiu concluir que “as despesas em ‘Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis’ representam 31,8% das despesas familiares”. Mais: que as despesas com os transportes “representam 14,7%” e que as despesas com “os ‘produtos alimentares e bebidas não alcoólicas’ representam 14,4%” do orçamento familiar. O que significa, aponta o PCP, que “estes três grupos de despesas representam, hoje, em média 60,9% do total das despesas familiares”.

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O partido liderado por Jerónimo de Sousa lembra, inclusive, qual era a realidade em 2000: estes três grupos, recordam os comunistas, “representavam 53,5%” do orçamento familiar, o que significa que esta tendência se reforçou nos últimos anos. “Quase dois terços das despesas familiares são hoje preenchidas com estes três grupos de despesas: habitação, transportes e alimentação”.

Ainda que não esqueçam aquilo que dizem ter sido o “saque” protagonizado pelo anterior Governo PSD/CDS, os comunistas exigem agora mais ao Governo socialista. Até porque, insistem, a recuperação e devolução de rendimentos tem sido feita de “forma insuficiente” e “aquém do necessário”.

Para o PCP, Portugal precisa de uma mudança de paradigma e “de uma política patriótica e de esquerda que rompa com a matriz que há décadas é responsável pela estagnação do rendimento dos trabalhadores e dos pensionistas e reformados”.