A partir desta quinta-feira, há um fantasma a morar no Teatro Carlos Alberto, no Porto. Não é assustador e possessivo, como o Fantasma da Ópera, embora a história seja nele inspirada. É mais um Casper, ou melhor, Luca, um órfão que foi deixado num teatro e que, num belo dia, se apaixona por uma cantora. Assim começa “Fã”, a primeira encenação de 2017 do Teatro Nacional São João, e que conta com a atuação e interpretação dos Clã.

“Fã” é um musical infanto-juvenil com encenação de Nuno Carinhas e libreto de Regina Guimarães. Ou, como descreve Manuela Azevedo dos Clã ao Observador, ” é uma espécie de porta mágica para se entrar na construção de um espetáculo“. Quando o público entrar na sala, vai ver em palco o ensaio de Sabina (Maria Quintelas), uma jovem atriz que quer ser cantora, mas que está cheia de medos e inseguranças. A ajudá-la está a sua irmã mais velha, a cantora Sara (Manuela Azevedo). Até aqui tudo normal.” Só que, para além dos medos normais, começam a acontecer algumas coisas inexplicáveis.

A culpa é do Fantasma (João Monteiro), “uma criatura mais ou menos mágica e sobrenatural que vive no teatro e que se apaixonou pela atriz cantora”, explica Manuela Azevedo, cantora aqui transformada em atriz, assim como todos os músicos dos Clã. Mas, ao contrário de Sabine, já não estão nervosos com a estreia desta quinta-feira. “Confesso que estávamos assustados com as deixas, com a parte de fazer teatro. Mas a Regina ajudou-nos muito no guião, escreveu-o para que nos sentíssemos identificados. O Nuno Carinhas também é muito claro nas suas indicações, rigoroso mas muito tranquilo, e os atores que trabalham connosco são muito generosos e dão-nos dicas.”

Fã 2 ©João Tuna

© João Tuna / TNSJ

A banda vai tocar oito músicas ao vivo, todas inéditas. “São mesmo partes essenciais da narrativa e muitas delas têm arranjos que foram feitos para contar a história”, adianta a voz de “Problema de Expressão”. Cada uma tem diferentes tipos de ritmos, apesar de este ser, no limite, um espetáculo de rock’n’roll.

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E apesar de a experiência com o Disco Voador, feito em 2011 para as crianças, ter sido importante para esta escolha dos Clã, Manuela Azevedo defende que “Fã” é para todas as idades. “Nenhum de nós encara os mais novos como uma plateia com menos valor. São mais exigentes e francos em relação ao que nós lhes oferecemos e é desejável fazer-se a história de maneira a que quem vem com eles possa partilhar da alegria e dos medos evocados neste espetáculo”, defende. Medo de uma estreia, medo do amor, medo de um fantasma que, apesar de ser “bonzinho”, gosta de pregar umas partidas para tentar chegar à sua amada. “Ele não tem muito jeito na corte”, conta a cantora, divertida.

“Fã” está em cena até 29 de janeiro. Após a estreia, esta quinta-feira às 21h, o espetáculo pode ser visto às quartas e quintas-feiras às 11h, sextas-feiras às 21h00, sábados às 16h e 21h, e domingos às 16h. Os bilhetes de criança custam cinco euros e os dos adultos dez euros. No último dia do espetáculo está prevista uma sessão em Língua Gestual Portuguesa e com audiodescrição.

Já os fãs dos Clã aguardam o lançamento do oitavo disco de originais. Estava previsto para 2017, mas o musical vai tomar algum tempo à banda. Depois do Teatro Carlos Alberto, “Fã” segue para o Teatro Joaquim Benite, em Almada, e para o Teatro Viriato, em Viseu. “Gostávamos de levá-lo a outras salas do país, por isso vai depender muito de como vai correr esta digressão.”