O responsável máximo dos serviços de informação norte-americanos respondeu ao ceticismo de Donald Trump com certezas redobradas: no Congresso, James Clapper disse que as secretas estão agora “ainda mais convencidas” de que as autoridades russas tinham conhecimento da violação dos emails pessoais de Hillary Clinton e dos ataques informáticos aos servidores do Partido Democrata.

“A nossa avaliação agora é ainda mais segura do que era” em outubro, quando os serviços de informação ligaram, pela primeira vez, o trabalho de hackers russos às autoridades de Moscovo.

As declarações de Clapper contrastam com os comentários de Donald Trump, presidente eleito norte-americano, pouco crente nas ligações de governantes russos aos ataques informáticos aos servidores do Partido Democrata e à partilha de e-mails com o site Wikileaks e meios de comunicação norte-americanos. Tudo com o objetivo de minar a candidatura de Hillary Clinton e promover a corrida de Donald Trump à Casa Branca.

Nas redes sociais, Trump continua a partilhar dezenas de comentários, alguns dos quais sobre a visão que tem dos serviço de informação norte-americanos. Num dos mais recentes, o presidente eleito diz-se um “grande fã” das secretas, acusando a comunicação social de “mentir” quando o descreve como o crítico destes serviços.

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“Há uma diferença entre o ceticismo saudável e a depreciação”, referiu Clapper no Congresso, esta quinta-feira. A expressão não foi usada por acaso: Mike Pence, o vice-presidente eleito, recorreu ao termo “ceticimo saudável” para defender a posição assumida por Trump em relação às informações recolhidas pelos serviços de informação sobre este caso.

A poucas horas de um encontro entre Donald Trump e os responsáveis dos serviços de informação norte-americanos, precisamente para a partilha de informações sobre a interferência russa na campanha, James Clapper não podia ser mais claro nas palavras escolhidas para resumir os dados recolhidos pelos EUA. “Penso que nunca encontrámos uma campanha mais direta ou agressiva para interferir no nosso processo eleitoral do aquela que vimos neste caso”.

As declarações de Clapper surgem depois de o presidente cessante Barack Obama ter expulsado 35 diplomatas russos dos Estados Unidos. Moscovo não respondeu, para já. Putin deu ordens para que o chefe da diplomacia esperasse pela chegada de Trump à Casa Branca para tomar uma posição.