As taxas de juro nos EUA podem subir mais rapidamente do que se prevê, o que terá implicações globais, caso Donald Trump lance um plano de estímulo à economia sustentado em reduções de impostos. O alerta vem nas atas da última reunião da Reserva Federal, o banco central norte-americano, justamente a reunião em que a instituição liderada por Janet Yellen subiu a taxa de juro de referência.

A Fed acredita que não terá alternativa. Se houver um estímulo económico por decreto, o banco central terá de responder com uma subida das taxas de juro — caso contrário, pode gerar-se uma aceleração da inflação a um ritmo indesejável. Quase todos os membros do Comité de Operações no Mercado Aberto, o organismo da Fed que decide as taxas de juro do dólar, concordaram que serão maiores os riscos de a taxa de inflação ultrapassar as metas se houver uma política fiscal “expansionista”.

A reunião decorreu em meados de dezembro, pouco mais de um mês depois de Donald Trump ter sido eleito Presidente dos EUA e ter anunciado reduções de impostos e investimentos em infraestruturas. Ainda assim, os responsáveis concordaram que pode ser, ainda, demasiado cedo para tirar conclusões sobre o que pode acontecer.

“Os participantes concordaram que é demasiado cedo para antecipar quais as alterações de política que podem ser implementadas e como estas alterações podem afetar as perspetivas económicas”, pode ler-se nas minutas na reunião de 13-14 de dezembro. Essa foi a reunião em que a Fed decidiu subir as taxas de juro pela segunda vez em mais de dez anos, apesar de o mundo ainda ter sobre si uma “nuvem de incerteza”.

As taxas de juro da Fed são decisivas para a economia global e caso estas subam mais rapidamente do que o previsto, isso irá criar uma pressão de subida das taxas de juro noutros locais também. Outras consequências incluem, também, uma provável valorização do dólar e, claro, desvalorização das outras moedas — desde o euro até às moedas dos países emergentes. A taxa de juro da Fed é uma das grandes questões da economia global em 2017.

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