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Mário Soares. Os últimos 25 dias de luta

Este artigo tem mais de 5 anos

Foram quase quatro semanas acompanhadas em permanência, desde 13 de dezembro, quando foi internado de urgência. O antigo presidente da República morreu em Lisboa este sábado, aos 92 anos.

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ANTÓNIO JOSÉ/LUSA

ANTÓNIO JOSÉ/LUSA

Foram 25 dias e meio, mais de 600 horas (612, em concreto) acompanhadas de muito perto quase até ao final, desde que Mário Soares foi levado de urgência para o hospital, a 13 de dezembro de 2016. Um “agravamento” do seu estado de saúde obrigou a que o antigo Presidente da República fosse internado pela segunda vez em pouco menos de quatro anos.

Soares resistiu. Soares ainda melhorou. Chegou mesmo a sair da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital da Cruz Vermelha, mas por menos de 24 horas. Uma anemia súbita, causada por uma hemorragia, atirou-o de novo para um coma. Estávamos na véspera de Natal e temeu-se o pior. Mas Soares lutou por mais duas semanas. Acabou por morrer às 15h28 deste sábado.

Esta é a reconstituição, dia a dia, dos últimos momentos de vida de Mário Soares.

13 de dezembro: o internamento de urgência

Mário Soares foi internado a 13 de dezembro. Durante a madrugada, diria horas mais tarde o porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha, José Barata, a saúde do ex-Presidente agravara-se: “O doutor Mário Soares foi admitido, esta madrugada, na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital da Cruz Vermelha, em situação crítica”.

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Sem um “diagnóstico definitivo”, o hospital falava num “quadro de agravamento do seu estado geral” que obrigava a que Mário Soares fosse sujeito a uma bateria de exames.

Seria Eduardo Barroso, médico e sobrinho de Soares, a anunciar, durante a tarde, que o antigo presidente “não [estava] consciente”. “São 92 anos de um homem que já estava fragilizado, que ficou muito mais fragilizado depois da encefalite e ainda mais depois de ter perdido a sua mulher”, sublinhou, recordando um episódio, no início do ano, quando Marcelo Rebelo de Sousa quis visitar o ex-chefe de Estado após a sua eleição. “Eu fui preparar essa visita e a reação dele foi: ‘Mas quem és?’, mesmo para mim”, recordou Barroso, para dar conta das “alterações do estado de consciência” que Soares vinha sofrendo nos últimos meses.

No Facebook, João Soares, filho do antigo presidente da República, dava nota de que a família mais próxima de Soares se mantinha em permanência no hospital.

Marcelo Rebelo de Sousa já tinha passado pelo hospital, acabado de aterrar de Nova Iorque, para a cerimónia onde António Guterres tinha jurado a carta das Nações Unidas. A preocupação era visível à saída da visita, optando por não prestar declarações aos jornalistas.

Ao final da tarde, o porta-voz do hospital faria ainda uma atualização do boletim clínico de Soares: “Mantém o nível dos sinais vitais e o mesmo grau de consciência, sendo o prognóstico reservado”. Esse quadro de reserva manter-se-ia inalterado nos dias seguintes, apesar de alguns sinais de recuperação.

14 de dezembro: melhoria de consciência

Nos quatro dias seguintes, o Hospital da Cruz Vermelha manteve as duas atualizações diárias do boletim clínico de Mário Soares – uma a meio ou ao final da manhã e outro ao final da tarde. Na primeira quarta-feira de internamento, José Barata disse aos jornalistas, às 13h30, que não tinha havido qualquer “alteração significativa no estado de saúde do doutor Mário Soares”, mantendo-se a “situação crítica e com prognóstico reservado”.

Ainda assim, já se começava a falar de uma “discreta melhoria do estado de consciência”. “O doutor Mário Soares vai manter o mesmo nível de vigilância clínica, multidisciplinar que a situação exige”, diria ainda o porta-voz do hospital.

Ao final da tarde, Soares já estava “mais reativo aos estímulos externos” e a equipa médica já tinha avançado para uma “alimentação entérica por sonda nasogástrica”.

Nas redes sociais – onde, nas últimas semanas, foi publicando imagens do serviços do Hospital da Cruz Vermelha e dos espaços em volta da instituição – João Soares publicava a imagem de um equipamento médico onde estavam a ser monitorizados aqueles que seriam os sinais vitais de Mário Soares (a imagem não revela a quem estava atribuído o equipamento).

Nesse dia, passaram pelo hospital Freitas do Amaral, derrotado por Soares nas presidenciais de 1986, e o bispo Januário Torgal Ferreira. “Eu venho, sobretudo, prestar homenagem a um lutador pela liberdade, pela tolerância, um aceitador reto e não populista pela diferença. É bom encontrar-se um homem que diz o que pensa”, disse o bispo, recordando o apoio de Soares num momento pessoal difícil: “Quando morreu um dos meus irmãos muita gente não esteve comigo e com a minha família e o doutor Mário Soares esteve comigo. Também estou aqui por gratidão”.

Foi também gratidão, junto com um sentimento de “amizade”, que levou Freitas do Amaral a visitar o antigo Presidente da República. “Quando tantas outras pessoas mais próximas me evitavam e algumas me chamavam fascista, ele acreditou sempre em mim e isso é uma coisa que eu nunca esqueci, apesar de termos tido as nossas divergências e até um confronto eleitoral. Mas a amizade é muito superior a tudo isso. Não é só amizade, é admiração também pelo muito que ele fez pelo nosso país”, diria, emocionado, no fim da visita.

15 de dezembro: Soares “já reage à dor”

Para complementar as explicações oficiais prestadas pelo Hospital da Cruz Vermelha – “o quadro clínico mantém-se estável, apesar da preocupação que inspira, continuando a registar-se uma ligeira na evolução da resposta aos estímulos” –, Eduardo Barroso viria clarificar as melhoras no estado de consciência de Mário Soares. “O tiozinho – ele gosta que o trate por tiozinho – não reage ainda ao estímulo auditivo, mas faço uma festa no braço e aperto um bocadinho e já reage à dor. É disto que estamos a falar em termos de melhoria do estado de coma em que ele está”, esclarecia, ao mesmo tempo que enquadrava, em entrevista à TVI, a evolução do estado de saúde do ex-Presidente nos últimos quatro anos.

Houve essa degradação do estado desde o pós-encefalite [infeção no encéfalo, provocada por um vírus da gripe], como é normal num homem já com idade, que já tinha 89 anos quando teve esse problema, e depois [registou-se] uma queda ainda mais acentuada” com a morte de Maria Barroso, em julho do ano passado.

O ex-presidente da República visitou Soares durante a tarde mas saiu sem fazer comentários. Já Vasco Lourenço, capitão de Abril e presidente da Associação 25 de Abril, dizia que, enquanto os médicos iam “dando alguma esperança, dizendo que [Mário Soares] está com muitas ligeiras melhoras”, a família estava “consciente da gravidade da situação” e com “esperança” de que Soares ultrapassasse o “momento extraordinariamente crítico que está a viver”.

Ninguém pode dizer que o pior já passou”, dizia Vasco Lourenço.

Publicamente, por essa altura, o boletim clínico dava sinais de uma evolução “favorável” do “grau de consciência e de mobilização espontânea” do antigo Presidente da República. Os valores laboratoriais estavam “praticamente normais”.

O percurso do ex-presidente da República e ex-primeiro-ministro Mário Soares era evocado por várias pessoas nas redes sociais.

O ministro da Cultura foi uma das figuras com responsabilidade política a passar pelo Hospital da Cruz Vermelha para visitar Mário Soares e os filhos, João e Isabel Soares.

16 de dezembro: retoma do estado de consciência

Na sexta-feira, vários socialistas passaram pelo hospital onde Mário Soares estave internado: Carlos César (presidente do PS), Ana Catarina Mendes (secretária-geral-adjunta), Ana Gomes (eurodeputada), Maria de Belém (ex-presidente do PS) e Ferro Rodrigues (presidente da Assembleia da República).

De manhã, Soares, que tinha passado uma “noite estável”, continuava a “ evoluir favoravelmente” e já dava “indícios de retoma do estado de consciência”. Um estado que, horas mais tarde, sofreria uma evolução significativa: “O presidente Mário Soares já não está inconsciente”, dizia o porta-voz do hospital, que continuava a dar nota pública da evolução clínica do antigo PR. Soares voltava a manter “contacto verbal direto com resposta compreensiva, ainda que incipiente”.

Sair da Unidade de Cuidados Intensivos continuava, porém, fora de questão. Essa véspera de fim-de-semana – longe, ainda, das críticas que o eurodeputado Paulo Rangel (PSD) ao excesso de informação – marcou também o fim dos dois encontros diários do porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha com os jornalistas: as atualizações passariam a fazer-se apenas uma vez por dia.

17 de dezembro: valores próximos dos normais

Telegraficamente, uma semana antes do Natal, sábado, José Barata dizia, à hora de almoço, que a situação clínica de Mário Soares se mantinha “estável, com ligeiros progressos no estado de consciência”. E, como os “valores laboratoriais e os sinais vitais” estavam “próximos dos níveis normais”, tudo apontava para uma estabilização do estado de Soares nos dias seguintes. O ex-Presidente estava internado há quatro dias.

Nesse dia, Jorge Lacão visitou Soares.

Todos nós, portugueses, estamos cientes de que Mário Soares foi a figura mais relevante do século XX português”, assinalava o ex-ministro dos Assuntos Parlamentares. “Estamos a acompanhar a sua luta pela vida”.

18 de dezembro: probabilidade de deixar cuidados intensivos

“O estado de saúde do Presidente Mário Soares mantém-se estacionário e com parâmetros normais. Continua a registar-se uma ligeira melhoria, e progressiva, do estado de consciência, já reconhecendo onde está internado e interagindo relativamente à sua situação”, resumiu o porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha no início de tarde daquele domingo.

Soares já estava orientado no espaço e os médicos, animados com a evolução do socialista, admitiam “uma probabilidade de o presidente Mário Soares sair da Unidade de Cuidados Intensivos e ir para um quarto”.

Mas, afinal, ainda era cedo. Seriam precisos outros cinco dias até que, apenas por breves horas, Soares pudesse deixar os cuidados intensivos.

A socialista Edite Estrela e a atriz Lurdes Norberto foram duas das figuras que passaram pelo hospital para visitar a família de Soares durante o dia.

19 de dezembro: fisioterapia e treino alimentar

Seis dias depois do internamento repentino, Soares começou com as sessões de fisioterapia e de treino alimentar, “com vista à sua progressiva autonomização”. Continuava nos cuidados intensivos mas já conseguia “interagir com o corpo clínico que está à sua volta”.

Jardim Gonçalves, fundador e ex-presidente do BCP, amigo de Soares, assumiu, numa visita rápida — “como tinha de ser” — estar a viver um “momento de expectativa” face ao estado de saúde do antigo presidente da República.

20 de dezembro: maior mobilidade

Soares já estava internado há uma semana quando houve notícia de que reagia “a estímulos e perguntas da família”, havendo mesmo “períodos” em que estava “sentado numa cadeira”, ainda nos cuidados intensivos.

Face à expetativa de uma transferência para um serviço de observação menos intensiva, o porta-voz do hospital explicava que Soares seria transferido “assim que os médicos que o acompanham” considerassem estar “reunidas as condições” para essa mudança.

À porta do hospital, as televisões mantinham-se em estado de alerta para registar qualquer sinal que surgisse do lado de lá das portas de vidro do Hospital da Cruz Vermelha. Mas a atenção ao estado de saúde de Soares já dobrava fronteiras.

21 de dezembro: redução de cuidados

A situação de Soares continuava ainda inspirar “muita cautela” à equipa médica que o acompanhava. Mas o “quadro clínico favorável” permitia admitir que estava a ser “ponderada uma redução do nível de cuidados”, mantendo-os “adequados ao grau de recuperação funcional observada nas últimas 24 horas”.

22 de dezembro: deixa os cuidados intensivos

A notícia chegou ao final da manhã: Mário Soares seria “transferido, nas próximas horas, dos cuidados intensivos para a unidade de internamento”.

A culminar uma semana de permanente recuperação da autonomia, o antigo Presidente deixava os cuidados intensivos e passava a ser acompanhado numa unidade mais ligeira. “Atendendo à sua situação clínica recente, a equipa multidisciplinar deste hospital que tem acompanhado o Presidente Mário Soares vai manter um regime de vigilância permanente e constante”, justificava o porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha.

23 de dezembro: “Estabilidade” suspende comunicados

As primeiras horas fora dos cuidados intensivos tinham revelado uma “estabilidade da situação clínica” de Mário Soares. Consciente, orientado e com um acompanhamento médico menos intensivo, o hospital ressalvava que o antigo Presidente da República se manteria “sob vigilância continuada a cargo da equipa clínica multidisciplinar que o acompanhou na unidade de cuidados intensivos”.

A expetativa de uma evolução positiva do estado de saúde de Mário Soares era de tal forma consistente que, pela primeira vez, o hospital admitia suspender as comunicações regulares com os jornalistas. “Perante a estabilidade da situação clínica” do antigo Presidente da República, “e prevendo-se uma evolução no mesmo sentido, o hospital só voltará a emitir novo boletim clínico quando a situação o justifique”, anunciava o porta-voz José Barata.

24 de dezembro: agravamento “súbito” e regresso aos cuidados intensivos

Menos de 48 horas após ter saído os cuidados intensivos, e na véspera de Natal, os alertas voltavam a soar de forma sonora: Mário Soares estava de regresso àquela unidade, com um agravamento “súbito” do seu estado de saúde.

“O estado de saúde agravou-se subitamente”, diria o porta-voz do hospital a meio da tarde, de surpresa.

Marcelo Rebelo de Sousa falava também pela primeira vez da situação de Soares.

Há uma coisa que reconhecemos: há figuras que marcaram e marcam a nossa Democracia. E o povo, democratas e povo em geral, está grato relativamente a essas figuras. Não é preciso ser-se da mesma cor para se reconhecer o que fizeram pelo país”, dizia Marcelo. “Todos nós portugueses estamos muito gratos por aquilo que Mário Soares tem dado ao país”.

Nessa noite, o hospital limitava-se a dizer que “na sequência do episódio agudo ocorrido esta manhã, o presidente Mário Soares” continuaria internado “na unidade de cuidados intensivos deste hospital”.

25 de dezembro: “Fortes reservas” quanto a prognósticos

As mensagens para o exterior não voltaram ao tom otimista da primeira semana de internamento de Mário Soares. No dia de Natal, José Barata referia que tinha havido um “agravamento do estado de saúde de Mário Soares”, que se mantinha “muito crítico”.

Soares continuava a respirar sem recurso a apoios externos mas havia uma “regressão de consciência muito significativa e preocupante que coloca fortes reservas em relação ao prognóstico futuro”.

Nesse dia, Eduardo Barroso, o sobrinho de Soares, explicava contudo que todos os seus órgãos estavam a funcionar. “Está tudo a funcionar muito bem, o rim a funcionar muito bem, o fígado a funcionar muito bem, o pulmão a funcionar muito bem”. A “anemia” que tinha provocado a regressão no estado de saúde de Soares estava resolvida, mas isso era apenas parte do problema.

O que interessa é daqui para cima”, disse Barroso, apontado para o próprio pescoço.

“E daqui para cima, o tio Mário já não é o tio Mário há muitos meses, para mim. Porque, para mim, o tio, ou o pai, o primo, tem de ter uma interação cognitiva, falar, conversar, saber o que está a fazer, ter opiniões, afetos, e isso acabou há muito. Não acabou agora, acabou há muito”, admitiu o médico.

26 de dezembro: a incerteza dos dias seguintes

Quase no final da segunda semana de internamento, o corpo clínico que seguia Mário Soares indicava que o socialista tinha entrado num “estado de coma profundo, mantendo-se diagnóstico reservado”.

Tinha deixado de reagir a estímulos externos e havia um “agravamento progressivo do estado de saúde” do antigo Presidente. A incerteza começava a transparecer das atualizações clínicas feitas pelo Hospital da Cruz Vermelha:

É impossível dizer quais os próximos passos, o que vai acontecer de seguida”, dizia José Barata, porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha.

Ao mesmo tempo, continuavam as visitas simbólicas ao ex-presidente da República. Ele, que esteve exilado em França durante o Estado Novo, ainda recebeu a visita do senador Alain Neri. “Para nós, franceses, socialistas franceses, Mário Soares é uma figura emblemática e vim prestar homenagem ao trabalho que ele fez pela defesa da liberdade e da democracia”, disse o político francês.

Nos locais mais distantes do globo, o estado de saúde do antigo Presidente continuava a ser seguido com atenção.

27 de dezembro: a polémica sobre os boletins “deploráveis”

Foi ao final da segunda semana de internamento que o eurodeputado Paulo Rangel falou sobre toda a informação acerca de Soares, tornada pública nos dias anteriores. “A emissão omnipresente de boletins invasivos sobre a saúde do Presidente Soares é deplorável. Há momentos em que a intimidade é um valor supremo. O que custa respeitá-la?”, perguntava o social-democrata no seu artigo de opinião no jornal Público.

Até esse momento, tinha havido pelo menos uma atualização diária da situação do antigo presidente da República. “Uma ou duas notas esporádicas cumpririam a função”, defendia o social-democrata.

A verdade é que as informações partilhadas pelo porta-voz do Hospital da Cruz Vermelha davam sinal de que a situação de Soares tinha voltado a estabilizar. Aos 92 anos, o estado de saúde de Mário Soares não tinha sofrido “alterações substanciais” desde o dia anterior. O antigo presidente da República “continua em situação “muito crítica”, com “prognóstico muito reservado”.

28 de dezembro: situação completamente estável

Maria António Palla, jornalista e mãe do primeiro-ministro António Costa visitou Soares. À saída, não conseguia esconder a comoção: “Nunca se pensa que uma pessoa com as qualidades do doutor Mário Soares possa passar pelo momento que ele está a passar”.

É daquelas pessoas que se julgam quase eternas e que merecem eternidade porque lhe devemos muito e, enfim, gostamos muito dele”, dizia, com o olhar embargado, a jornalista.

Do ponto de vista clínico, nenhuma alteração a registar. “Os sinais vitais mantêm-se normais e por isso a situação é completamente estável a esse nível”, referia José Barata. Soares continuavam “em coma profundo”, a situação mantinha-se “muito crítica” e o “prognóstico muito reservado”.

29 de dezembro: degradação das condições orgânicas

Más notícias. O estado de saúde do antigo Presidente da República Mário Soares registara “nas últimas horas um progressivo agravamento, mantendo-se em coma profundo”. Os órgãos vitais de Soares mantinham-se em atividade, sem falência, mas era já percetível uma “considerável degradação das condições orgânicas”.

Pela segunda vez desde que Soares tinha sido internado, o Hospital da Cruz Vermelha não dava apontava qualquer data ou hora para a próxima atualização do estado de saúde do antigo presidente da República. Esse momento dependeria da própria evolução que Soares fosse registando.

30 de dezembro: Soares “relativamente melhor”

Antes do boletim clínico, Eduardo Barroso, num longo “desabafo” com os jornalistas à porta do hospital, dizia que Mário Soares era uma “força” da natureza e que tinha passado bem a noite. O sobrinho do antigo presidente da República deixou ainda claro que, caso o estado de saúde de Soares se agravasse, a vida do socialista não seria prolongada artificialmente.

Aquela loucura de tentar prolongar a vida não vai ser feita”, explicou Eduardo Barroso.

Foi essa a informação que a filha de Soares deu a António Guterres, quando, na quinta-feira, o secretário-geral eleito das Nações Unidas ligou para a família de Mário Soares para se inteirar do estado de saúde do ex-Presidente. “A decisão é tomada pelos médicos em conjunto com a família” e, no caso de Mário Soares, “essa decisão já foi tomada”, reiterou o sobrinho Eduardo Barroso.

“A gente quer muito que ele esteja cá, mas é para dizer que eu sou um zero politicamente, que sou uma besta por acreditar em armas de destruição”, explicou Barroso, minutos antes de o porta-voz do hospital reiterar aos jornalistas que Mário Soares continuava “em coma profundo e sem qualquer suporte técnico às funções vitais” — à margem do comunicado, José Barata acrescentou a nota de que Soares se encontrava “relativamente melhor” que no dia anterior. A atualização do boletim clínico ficou marcado para daí a 24 horas, ao meio dia da véspera de Ano Novo.

31 de dezembro: condição de saúde “estável”

A situação mantinha-se “muito crítica, em coma profundo“. Mas, em relação ao dia anterior, o estado de saúde de Mário Soares continuava estável, sem agravamentos nem melhoras.

Ao 18º dia de internamento do antigo presidente da República, o Hospital da Cruz Vermelha voltava a suspender os comunicados públicos regulares com atualizações sobre a situação de saúde (era a segunda vez que o fazia) . Aos jornalistas, o porta-voz da instituição informava que o hospital voltaria a emitir “nova informação clínica” quando houvesse “uma alteração no estado de saúde do ex-presidente Mário Soares que o [justificasse]”.

5 de janeiro: uma semana sem comunicados

Mário Soares continuava em coma profundo e o Hospital da Cruz Vermelha mantinha a opção de não divulgar mais informações até que houvesse “qualquer evolução”. Sem a leitura pública de boletins clínicos, a SIC Notícias publicava no seu site a informação de que o estado de saúde do antigo presidente da República continuava “sem alterações”.

7 de janeiro, 15h28: a morte

A notícia já estava nos sites dos jornais, já fazia rodapé nas televisões e já tinha aberto noticiários de rádio quando o diretor clínico do Hospital da Cruz Vermelha leu o comunicado que formalizava a notícia: tinha morrido Mário Soares.

É com enorme tristeza que o Hospital da Cruz Vermelha anuncia a todos que, na presença constante dos seus filhos João e Isabel, às 15h28 do dia 7 de janeiro de 2017 ocorreu o falecimento do sr. dr. Mário Soares”, assinalou Manuel Pedro Magalhães.

O funeral do antigo presidente da República realiza-se esta terça-feira, 10 de janeiro, em Lisboa.

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