Sigmar Gabriel, presidente do partido social-democrata alemão e uma das escolhas possíveis para defrontar Angela Merkel nas eleições gerais que se realizam em setembro, lançou críticas duras à atual chanceler. Número dois no Governo na “grande coligação” que reúne o bloco democrata-cristão e o SPD e ministro da Economia, Gabriel acusou Merkel de ameaçar a coesão na União Europeia com a defesa de políticas de austeridade.

Numa entrevista publicada neste sábado pela revista Der Spiegel, Sigmar Gabriel considerou que a União corre o risco de se desmoronar no caso de se manter a pressão para o aperto nas políticas orçamentais dos estados-membros, de que Angela Merkel tem sido a principal protagonista. “É obsceno que países como França e Itália, que estão a realizar reformas, sejam forçados a adotar medidas duras de forma a conseguirem baixar os défice públicos em meio ponto percentual”, afirmou o vice-chanceler do Executivo de Berlim. “Helmut Kohl [antigo chanceler democrata-cristão que ajudou a conceber e a concretizar a união económica e monetária] nunca, na sua vida, tratou os restantes países europeus desta forma”, acrescentou Gabriel.

A entrevista do presidente do SPD surge numa conjuntura em que o partido vai ser chamado a escolher o candidato que irá defrontar Angela Merkel nas eleições gerais que vão realizar-se em setembro. A decisão será tomada até ao final de janeiro e Sigmar Grabriel, que governa em parceria com Merkel desde 2013, está na linha da frente para conseguir a nomeação, prevendo-se que venha a apresentar-se na corrida durante os próximos dias.

As sondagens não têm revelado boas perspetivas para o SPD, ao indicarem que a CDU-CSU, o bloco liderado pela atual chanceler, dispõe de uma vantagem média de 15 pontos percentuais sobre os sociais-democratas. Nas declarações ao Der Spiegel, Sigmar Gabriel admitiu formar uma coligação a três após o ato eleitoral. Neste entendimento seriam incluídos o SPD, os Verdes e o Partido Democrático Liberal (FDP). Este último já esteve no governo em coligação com Angela Merkel mas, por não ter conseguido alcançar 5% dos votos nas eleições legislativas de 2013, ficou sem qualquer representação parlamentar e, por este motivo, afastado de uma eventual renovação da parceria com a CDU-CSU.

Em alternativa, e caso consiga reunir condições para liderar o governo, o SPD poderá formar uma coligação com os Verdes e o Partido de Esquerda, sucessor do partido comunista da Alemanha oriental, uma solução que é a preferida da ala esquerda dos sociais-democratas. Sem excluir esta possibilidade, Sigmar Gabriel afirmou: “Eles [ex-partido comunista] têm que decidir se querem governar ou se querem permanecer firmemente na oposição”.

Nas próximas eleições, Angela Merkel candidata-se a um quarto mandato como chanceler, cargo que ocupa desde 2005.

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