Donald Trump nomeou o seu genro, Jared Kushner, para ser um dos seus principais conselheiros nos próximos quatro anos à frente na Casa Branca.

Em comunicado, a equipa de transição de Donald Trump confirmou a sua escolha para o homem que vai trabalhar lado a lado consigo e também com o seu chefe de gabinete, Reince Priebus, e com o seu chefe de estratégia, Stephen Bannon. “O Jared tem tido um grande valor e sido um conselheiro de confiança ao longo da campanha e da transição e eu tenho orgulho em tê-lo num lugar essencial e de liderança na minha administração”, disse Donald Trump, de acordo com aquele comunicado. “Ele tem sido incrivelmente bem sucedido, tanto nos negócios como é agora na política. Ele será um membro de um valor inestimável na minha equipa para eu fixar e executar uma agenda ambiciosa, colocando o povo americano em primeiro lugar.”

No mesmo comunicado, que não faz menção ao grau de parentesco entre os dois homens, Jared Kushner diz também que “é uma honra” poder servir o seu país e que está “motivado pela paixão partilhada como Presidente eleito e o povo americano”.

Segundo aquele texto, Jared Kushner “optou” por não receber qualquer salário pelo exercício das suas funções.

Na quarta-feira, Donald Trump deverá dar uma conferência de imprensa onde vai explicar como pretende evitar conflitos de interesse com os seus investimentos e empresas durante o mandato como Presidente.

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Apesar de ser um gesto pouco comum, esta nomeação é apenas a confirmação de algo que já era esperado. Isto porque Jared Kushner foi uma das pessoas mais próximas do Donald Trump durante a sua campanha eleitoral. A relação foi mantida de forma discreta até à vitória na noite eleitoral de 8 de novembro. Só depois, quando Donald Trump juntou a sua equipa de transição, é que Jared Kushner e a sua importância na campanha se tornou mais conhecida.

Jared Kushner é casado com Ivanka Trump, a filha mais velha do Presidente eleito dos EUA.

Conflitos de interesse?

A nomeação de Jared Kushner, cuja família também fez fortuna no ramo do imobiliário em Nova Iorque, pode levantar algumas dúvidas sobre possíveis conflitos de interesse. Nestes casos, a lei é ambígua. Na lei de combate ao nepotismo, redigida em 1967, é dito que um “detentor de cargo público” não pode nomear ninguém que seja seu “familiar” para um posto “na agência onde trabalha”.

Ainda assim, está longe de ser certo que a lei impeça Donald Trump de nomear o seu genro para o cargo de conselheiro. A dúvida — e as disputas entre especialistas — coloca-se sobre o estatuto de “agência”, referido na lei de 1967. Por agência, entende-se os vários órgãos públicos que têm de responder à Casa Branca e que não fazem parte dela, como é o caso da CIA ou da DEA. A beneficiar o caso de Donald Trump estará a interpretação daqueles que entendem que a Casa Branca não é uma agência. Logo, a lei de 1967 não diria respeito ao Presidente.

Numa entrevista ao The New York Times em novembro do ano passado, já depois de vencer as eleições, Donald Trump evitou responder de forma definitiva quanto à possibilidade de nomear Jared Kushner para algum cargo. Quando lhe perguntaram qual ia ser o “papel” do seu genro na sua administração, Donald Trump respondeu: “Oh. talvez nenhum. Porque eu não quero que as pessoas digam ‘conflito’. Mesmo que o Presidente dos EUA (…) possa ter os conflitos [de interesse] que quiser”.

Pouco depois, sem qualquer pergunta pelo meio, falou da possibilidade de Jared Kushner, de fé judaica, servir de mediador entre a Palestina e Israel. “As pessoas que o conhecem [sabem] que ele é uma pessoa de qualidade e acho que ele pode ser muito útil. Eu adoraria vê-lo a ser capaz de conseguir a paz entre Israel e os palestinianos. Eu adoraria isso, seria um feito enorme. Porque nunca ninguém conseguiu fazê-lo”, disse.

[Notícia atualizada às 23h22, com referência ao comunicado da equipa de transição de Donald Trump]