Foi curtíssima a vida do Isco, restaurante que prometia — e foi cumprindo, enquanto existiu — mas que fechou ao fim de apenas nove meses de existência: aberto no final de março do ano passado, com direito a prosa neste jornal, mudou de nome e de mãos ainda antes do Natal. Saiu Tânia Martins (da Osteria) entrou o vimaranense João Alves, que também não é novato nenhum nestas lides: está associado ao bem conhecido projeto Quarenta e 4, que fechou em Matosinhos mas irá abrir, em breve, no Porto. “Já conhecia a Tânia e quando soube que ela queria passar o restaurante para se concentrar noutros projetos decidi pegar nisto juntamente com um sócio, o Gonçalo Pernas”, explica. A reformulação foi rapidíssima — em apenas semana e meia o espaço deixou de ser Isco e passou a ser Água pela Barba.

A viver em Lisboa há ano e meio, João andava a marinar a ideia de montar um restaurante na cidade há algum tempo. “Inicialmente, queria trazer o Quarenta e 4 para cá e até já tinha uma equipa preparada para vir. Mas implementá-lo neste espaço não se enquadrava”, conta. Assim, e como o Isco funcionava bem, a dupla de sócios decidiu manter o conceito, o chef e até alguns pratos, casos do Taco de Peixe Frito ou do Mexilhão das Índias. Apesar do peixe e marisco serem as vedetas da carta, continua a haver duas sugestões carnívoras: a Bochecha Alentejana, variação da carne de porco à alentejana com puré de batata doce e amêijoa, e a Sandes de Cachaço, a fazer lembrar o pulled pork americano.

ÁGUA PELA BARBA TP00006

Este tem sido um dos best-sellers da casa. Chama-se Arroz d’Ouro e é um risotto de camarão e açafrão. (foto: © Tiago Pais / Observador)

O que mudou, então, além do nome? Para já, o espaço está mais simples: “O Isco era como se fosse uma cabana de pescadores, nós trouxemo-la para dentro da cidade”, ilustra João. Ou seja, foram-se as bóias e todo o material de pesca que enchia as paredes — a sala ficou mais sóbria, ainda que com o mesmo ambiente de tasca contemporânea. Da cozinha vão saindo, a pouco e pouco, algumas novidades que ainda não constam da ementa impressa, como as Pataniscas com Molho de aioli e menta ou a Salada de Burrata com camarões grelhados e pesto de amêndoas. E não se estranhe essa influência italiana: o chef residente João Magalhães, outro barbudo, trabalhou cinco anos em Milão antes de regressar a Portugal.

O menu de almoço também é uma introdução recente: por 11€ dá direito a uma sopa e um prato principal, que aqui tem a designação de grandeza. Vale a pena, porém, não esquecer as sobremesas, onde também já se nota o dedo da nova gerência: do bolo de chocolate, com mousse e raspas do dito, cuja receita é da mãe de João às canilhas de leite creme, uma receita tornada famosa pelo São Gião (o Quarenta e 4 foi aberto por Pedro Amaral Nunes, dessa mítica casa de Moreira de Cónegos) e que chega também ela, finalmente, à capital. Que sejam bem-vindos.

Nome: Água Pela Barba
Morada: Rua do Almada, 29/31 (Bica), Lisboa
Telefone: 21 346 1376
Horário: Todos os dias, das 12h30 às 00h30 (às segundas só abre ao jantar e sexta e sábado fecha às 02h)
Preço Médio: 25€
Reservas: Sim
Site: facebook.com/aguapelabarbarestaurante/

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR