O Tesouro português contratou um grupo de bancos para montar uma emissão sindicada de dívida pública. É a primeira em praticamente um ano, já que o IGCP passou a quase totalidade do ano passado a não ir além dos leilões regulares. Segundo fontes citadas pela Bloomberg, será uma emissão de dívida com vencimento em abril de 2027.

Confirmando as expectativas já lançadas por Mário Centeno na entrevista à Reuters difundida na segunda-feira, o Estado deverá avançar com uma operação de financiamento que será gerida pelos bancos BBVA, HSBC, JPMorgan, Morgan Stanley, Novo Banco e Société Générale. São estes bancos que vão contactar os investidores com o intuito de estes comprarem os títulos. Tradicionalmente, quando esta informação chega ao mercado a operação avança logo no dia seguinte e os montantes são sempre maiores do que num leilão convencional.

O IGCP indicou esta terça-feira que as necessidades de financiamento do Estado português para 2017 ascendem a 12,7 mil milhões de euros, um bolo que já inclui a injeção de 2.700 milhões na Caixa, que já está financiada.

Apesar da pressão recente nos mercados de dívida, que se poderá dever em parte precisamente à expectativa de que esta emissão iria ser anunciada, o IGCP estará confiante de que os bancos contratados irão conseguir achar mercado para colocar os títulos, junto de instituições como outros bancos, fundos de investimento, gestoras de ativos e fundos de pensões.

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A 14 de janeiro de 2016 o Estado português financiou-se em quatro mil milhões de euros, a 10 anos, pagando um juro inferior a 3%. Desta feita, conforme a procura dos investidores e o montante que o IGCP quer emitir, a taxa poderá ser superior a 4%.

Os juros a nível global têm subido nos últimos meses, mas importa reter que no ano passado o juro que se pagou ficou 205 pontos-base acima das taxas de referência a 10 anos na zona euro. Essas taxas de referência eram, na altura, de 0,88%. Estão, agora, neste prazo, a pouco mais de 0,7%, pelo que irá acrescer o prémio de risco que o IGCP conseguir negociar com os investidores.

Na altura, na emissão do ano passado, o Estado valia-se dos mesmos ratings de lixo (investimento de alto risco), exceto da DBRS, que continua a ser a única agência de rating que tem a dívida portuguesa em grau de investimento de qualidade. A diferença é que, há um ano, a Fitch atribuía uma perspetiva positiva ao rating português, deixando antever boas probabilidades de uma subida. Mas essa subida não se concretizou e em março, pouco meses depois da tomada de posse do executivo de António Costa, a perspetiva caiu para estável.