A Uber enviou um email às empresas parceiras a pedir que suspendam a inscrição de novos automóveis na plataforma até 6 de março, segundo o que foi avançado pelo jornal Eco na tarde desta terça-feira. Segundo o que o Observador apurou, o email foi enviado aos parceiros e motoristas na segunda-feira para que seja feita uma revisão dos processos. A notícia surge na sequência das questões que foram levantadas numa reportagem publicada, no Observador, na semana passada.

Excesso de horas, precariedade, baixos salários. A vida dos motoristas da Uber

Na reportagem publicada a 2 de janeiro, foram revelados casos de motoristas que trabalham para empresas parceiras da Uber, durante 12 a 16 horas por dia, seis dias por semana, a recibos verdes, com vencimentos que rondam o valor do salário mínimo. No dia seguinte, Rui Bento, responsável pela Uber em Portugal, reagiu, num artigo de opinião publicado no Observador, explicando que “o crescimento acelerado”, como o que a empresa teve em 2016, “tem ciclos”, e assumindo que “a chegada de novos motoristas” foi “tão grande, que por vezes, superou mesmo o aumento da procura”.

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Esta terça-feira, o Eco conta que a tecnológica comunicou aos parceiros que “o processo de inscrição na plataforma” vai estar “em revisão” e que “não será possível inscrever novos veículos até ao próximo dia 6 de março”. Contactada pelo Observador, a tecnológica não quis comentar o email enviado aos parceiros.

Na quinta-feira, foram discutidas duas petições na Assembleia da República: uma da Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) contra a Uber e outra de um conjunto de cidadãos que diz querer a Uber em Portugal. Os deputados pediram uma “legislação rigorosa”, mas as reações mais vincadas ao tema vieram dos partidos da esquerda.

O Bloco de Esquerda falou em “escravatura moderna de empresa abutre”. E o PCP recusou participar em qualquer “privilégio a multinacionais”. O Governo já aprovou, em Conselho de Ministros, uma proposta de regulamentação para o setor, que envolve táxis e os chamados veículos descaracterizado — onde se incluem a Uber e a Cabify –, mas que ainda terá de ser apreciada na Assembleia da República.