Os danos num avião das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), na aproximação ao aeroporto de Tete, a 05 de janeiro, foram provocados por anomalia numa peça e não por colisão com um ‘drone’, segundo as conclusões do inquérito preliminar.

“Presume-se que a causa tenha sido originada por falha de material, por deficientes reparações anteriores efetuadas na origem da peça expedita para o operador”, conclui, num comunicado enviado à Lusa, a comissão de investigação ao incidente e que dedicou “toda a atenção” a um componente situado na parte frontal do avião chamado ‘radome’.

De acordo com o comunicado distribuído pela Autoridade Reguladora da Aviação Civil, que liderou o inquérito, os investigadores desta entidade e técnicos da transportadora e dos Aeroportos de Moçambique concentraram-se no ‘radome’ depois de terem afastado a possibilidade de colisão com um ‘drone’ ou outro objeto.

Após inspeção à aeronave e terem ouvido os pilotos, a tripulação, técnicos e outras testemunhas, incluindo residentes nas proximidades no local, os técnicos concluíram que o aparelho “não colidiu com nenhum objeto voador, ou atmosférico, nem com nenhum ‘drone’.

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A peça, já usada, embora certificada pelo fornecedor, segundo o comunicado, foi adquirida a uma empresa americana de venda de componentes de aviação e instalada numa revisão do avião da LAM, realizada na África do Sul em junho de 2016. O ‘radome’ será agora submetido a mais testes, tendo em vista uma conclusão da comissão de investigação, tendo sido já substituído e o avião libertado para retomar a sua operação.

O incidente, na descrição dos investigadores, ocorreu às 15:44 locais de 05 de janeiro, durante a descida em aproximação ao aeroporto de Tete do Boeing 737-700 da LAM, proveniente de Maputo, com 80 passageiros e seis tripulantes a bordo.

Nessa altura, a tripulação “apercebeu-se de um estrondo na parte frontal do avião”, o piloto automático desativou-se, o radar deixou de funcionar e piloto e copiloto tinham leituras diferentes de velocidade.

Apesar disso, “a tripulação executou os procedimentos necessários, através dos ‘checklists apropriados’, conduzindo a aeronave com toda a segurança para a aterragem”.

No dia do incidente, o portal de notícias de aviação Newsavia publicou imagens do avião, batizado ‘Poelela’, em que eram visíveis estragos na fuselagem no lado direito do nariz do aparelho, e avançava a possibilidade de choque com um ‘drone’.

No entanto, no dia seguinte, em declarações à Lusa, a transportadora referiu-se apenas a um “contacto com um organismo externo” e considerou a hipótese de colisão com um ‘drone’ como “pura especulação”, à semelhança da Autoridade Reguladora da Aviação Civil, que disse ser prematuro avançar com qualquer causa para o incidente.