O assunto não é propriamente novo. Charlize Theron, Salma Hayek, Jennifer Lawrence e Helen Mirren são alguns dos nomes que, no feminino, fazem parte de um coro de vozes que quer ajudar a dissipar a desigualdade salarial em Hollywood. Agora, há mais uma atriz galardoada a juntar-se à missão que cada vez mais parece possível. Em entrevista à edição de fevereiro da britânica Marie Clarie, Natalie Portman confessou que recebeu bem menos que o ator Ashton Kutcher no filme que os dois protagonizaram, Sexo Sem Compromisso, que estreou em Portugal em fevereiro de 2011.

Ashton Kutcher — que, não desvalorizando o trabalho do ator, nunca ganhou Óscares, Globos de Ouro ou prémios BFTA, ao contrário de Natalie Portman — recebeu três vezes mais do que a atriz no filme em questão, que chegou às salas de cinema no mesmo ano em que Portman recebeu um Óscar de Melhor Atriz pela sua perfomance em Cisne Negro.

“Eu sabia disso e alinhei porque em Hollywood há a questão das ‘cotações'”, disse na edição de fevereiro da revista já citada. “A tua cotação é o valor mais elevado que já te pagaram. E a cotação dele era três vezes mais alta do que a minha, pelo que disseram que ele seria pago três vezes mais do que eu.”

Escreve o Huffington Post que as declarações de Portman deixam a descoberto a forma como os atores e atrizes são pagos em Hollywood, um tema que tem vindo a dar que falar desde que e-mails da Sony vieram a público, depois de um ataque informático ocorrido em 2015, e revelaram uma disparidade de salários entre a atriz Jennifer Lawrence e atores do filme Golpada Americana.

“Não fiquei tão chateada como devia ter ficado”, continuou Portman. “Nós recebemos muito dinheiro, pelo que é difícil queixar-me. Mas a disparidade é alucinante.” Antes da atriz, foi Jennifer Lawrence quem falou mais alto, ao escrever para a revista digital Lenny, da actriz Lena Dunham e da argumentista Jenni Konner, que foi uma má negociadora aquando do filme Golpada Americana, mas que não voltará a repetir o mesmo erro.

Quando descobri, depois do ataque à Sony, o quão menos eu recebia em relação a eles, esses sortudos que têm um pénis, não fiquei aborrecida com a Sony. Fique aborrecida comigo. Fui uma má negociadora. Desisti cedo demais. Desisti de lutar por todos aqueles milhões que, francamente, nem preciso assim tanto. Eu sempre tentei ser adorável quando opinava no set de gravações, não levantar muito o tom de voz, sempre tentei ser simpática para todos. Mas sabem que mais? Que se lixe isso.

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