O Ministério Público norte-americano anunciou esta quarta-feira que seis executivos da Volkswagen, quase todos residentes na Alemanha, foram acusados criminalmente pelo seu papel no escândalo da manipulação de emissões poluente, avança o New York Times. Os acusados incluem um antigo chefe da marca e um chefe de desenvolvimento de motores, que se juntam a Oliver Schmidt, detido esta segunda-feira na Flórida, e a um engenheiro do grupo, detido em setembro na sequência do caso que afetou cerca de 600 mil automóveis nos Estados Unidos.

Entretanto, a Volkswagen aceitou declarar-se culpada das conspirações para cometer fraude e violar a lei das emissões poluentes. E vai agora pagar 4,3 mil milhões de dólares (pouco mais de 4 mil milhões de euros), elevando a fatura a pagar às autoridades dos EUA e Canadá pelo escândalo.

Segundo o New York Times, os cinco novos executivos acusados são Heinz-Jakob Neusser, 56 anos, responsável pela marca da empresa, Jen Hadler, 50, responsável pelo desenvolvimento dos motores, Richard Dorenkamp, 68, outro supervisor da área dos motores, Bernd Gottweis, 69, que ajudava na gestão de qualidade, e Jurgen Peter, 59, que mediava a relação entre a Volkswagen e as agências de regulação.

Os cinco, juntamente com Oliver Schmidt, já detido em território norte-americano, estão a ser acusados de conspiração para defraudar os EUA e de violação da chamada lei do Ar Limpo. Permanece incerto, contudo, se estes cinco altos executivos vão chegar a ser chamados perante um tribunal norte-americano, uma vez que permanecem na Alemanha e não deverá haver extraditações. Se a Alemanha não extraditar estes cidadãos na sequência do processo, ou se o Ministério Público alemão não formalizar a acusação, os EUA deverão pelo menos limitar a sua capacidade de viajar e sair do país, podendo desencadear um problema diplomático entre os dois Estados.

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Nenhum destes nomes acusados pertence ao conselho de administração, embora quase todos eles reportassem diretamente ao conselho de administração. Os seis tiveram papéis importantes no desenvolvimento dos motores diesel que foram equipados com o software destinado a mascarar o excesso de emissões poluentes.

Declaração de culpa

A Volkswagen aceitou declarar-se culpada e a pagar mais 4,3 mil milhões de dólares (quatro mil milhões de euros) para encerrar os processos judiciais associados aos motores diesel manipulados, anunciou esta quarta-feira o Departamento de Justiça. Esta mistura de penalidades civis e criminais vai permitir ao grupo alemão escapar a um processo e soma-se aos 17,5 mil milhões de dólares que este gigante do automóvel já se comprometeu a pagar para cobrir os custos do escândalo, que apareceu à luz do dia em setembro de 2015, nos EUA.

O fabricante automóvel, que tem 12 marcas, reconheceu ter participado numa “conspiração” para enganar os clientes e as autoridades norte-americanas, mas também ter feito “obstrução à justiça”, ao destruir documentos para dissimular as suas ações, indicou o Departamento, no seu comunicado.

No final de 2015, a Volkswagen reconheceu ter equipado 11 milhões das suas viaturas em todo o mundo, das quais 600 mil nos EUA, com um programa informático que reduzia o nível real das emissões de gases nocivos, quando estas eram controladas.

Durante os próximos três anos, o grupo vai estar sob controlo apertado, terá de se submeter ao controlo de um auditor independente e aceitou “cooperar plenamente” com as autoridades para processar os empregados da VW implicados na fraude, garantiu o Departamento de Justiça.

Na segunda-feira, o Departamento de Justiça divulgou que a direção do grupo alemão tinha sido informada do escândalo em meados de 2015, mas decidiu permanecer em silêncio.